Lei do “Facão de Cortar cana” ainda impera na Reserva Indígena de Dourados

Entrada para as aldeias Bororó e Jaguapiru que fazem parte da Reserva Indígena de Dourados Foto: Nicanor Coelho Arquivo / Capital News

Nicanor Coelho, correspondente em Dourados

A chamada “Lei do Facão de cortar cana” ainda impera nas aldeias Bororó e Jaguapiru que fazem parte da Reserva Indígena de Dourados e por este motivo a AJI (Associação de Jovens Indígenas) pretende denunciar o caso para as autoridades.

Conforme dados levantamentos pela AJI em menos de quinze dias cerca de cinco jovens foram assassinados com golpes de facão. A direção da associação já considera os assassinatos como uma “guerra”.

“Nos últimos dias a onda de violência tem aumentado muito na aldeia de Dourados. Jovens indígenas são alvos e vítimas das maiores barbaridades que acontecem. Em menos de quinze dias é a terceira morte. Os assassinos são frios e golpeiam as vítimas com dezenas de ‘facãozadas’”. Foi desta forma que a Associação se expressou em seu blog esta semana sobre os assassinatos.

“Não há mais o que se fazer. A aldeia está em guerra. Jovens desfilam nas estradas com facões na mão, com o rosto coberto e ficam escondidos em matas, ou em esquinas, e quando alguém passa é golpeado com facão até a morte. A prefeitura até agora não se manifestou, nem a FUNAI”, afirma o documento divulgado pela entidade.

A direção da AJI argumenta que nem a presença da Força Nacional tem sido suficiente para intimidar as “gangues” que costumam agir para assustar a comunidade. “Mesmo com a Força nacional atuando lá dentro, os assassinatos e mortes cruéis continuam. Quando o indígena armado vê um carro vindo se escondem e logo continuam a andar nas noites na aldeia. A cada semana pais sofrem a perdas de seus filhos e clamam por vingança e a violência só continua”, relataram.

Na Reserva de Dourados moram quase 13 mil pessoas, população maior que a de 41 dos 78 municípios do Mato Grosso do Sul e mesmo assim, lá não há policiamento ostensivo. Por enquanto a única tropa existente é a Força Nacional, que tem equipe reduzida e data para deixar o local.

Dentro da Reserva não há iluminação pública e são centenas de estradas e trilhas que cortam os 3,6 mil hectares da Reserva. Há o problema das drogas dentro do local e a polícia com ações esporádicas ainda não os resolveu completamente. A situação é de pobreza, comparável em alguns casos às favelas dos grandes centros nacionais.

MAIS UM CRIME

Josivaldo Brites Rodrigues de apenas 16 anos foi a nova vítima da “Lei do Facão”. Ele foi encontrado morto na manhã desta quinta-feira com vários golpes de faca na cabeça, pescoço, queixo e tórax, além de ter levado uma paulada na cabeça, que rachou o crânio.

Segundo informações do pai da vitima, Josivaldo saiu de casa em uma bicicleta ontem, por volta das 7 horas da noite, para comprar cigarro e não voltou mais. Por volta da 4 horas manhã o corpo do garoto foi encontrado próximo a escola Araporã.

A bicicleta que o rapaz usava não foi encontrada. Com isso a polícia acredita que o crime tenha sido latrocínio. Segundo informações repassadas pela Polícia Civil um suspeito foi detido, mas os policiais ainda têm confirmação sobre a participação dele no crime.

http://www.capitalnews.com.br/ver_not.php?id=227316&ed=Dourados&cat=Dourados

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