Escravos libertados trabalham em obra da Copa

Leonardo Sakamoto

Cuiabá – Trabalhadores que foram libertados do trabalho escravo estão recebendo qualificação, em um programa coordenado pelo poder público, para serem operários na construção do estádio que receberá os jogos da Copa de 2014 em Cuiabá.

Tive a oportunidade de falar sobre a economia da escravidão no Brasil contemporâneo e sobre o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (que reúne cerca de 30% do PIB nacional no combate a esse crime) no mesmo evento em que os resultados desse projeto de educação e formação profissional foram apresentados. O objetivo agora é expandi-lo, melhorá-lo e envolver mais empresas no processo de reinserção dos libertados – pelo menos aqueles que não querem terra para plantar, haja visto que a reforma agrária é um importante instrumento na prevenção a esse crime. Se o setor empresarial abraçar essa iniciativa, um piloto que deve se expandir para o restante do país, a vida de muita gente pode melhorar.

Creio que vale aqui um reconhecimento público a Valdiney Arruda, superintendente regional do Trabalho no Mato Grosso e, historicamente, um dos mais ativos auditores fiscais no combate à escravidão, por ter tornado esse programa possível. Quando funcionários públicos cumprem seu dever e vão além, o país muda. (mais…)

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Enquanto a ASA lamenta, governo lança cisterna de plástico

No mesmo dia em que a direção da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) denuncia que a suspensão do apoio do governo federal pode inviabilizar o programa de 1 milhão de cisternas no Semi- Árido, o Ministério da Integração Nacional anuncia a entrega, em Cedro (PE), da primeira das 300 mil cisternas de polietileno que serão distribuídas na “fase inicial” do Programa Água para Todos.

Veja o que o diz a ASA sobre a chegada das cisternas industrializadas e o que informa o governo sobre a novidade de plástico*.

ASA com a palavra: A argumentação é que a partir de agora o governo federal vai priorizar a execução do Programa (Água para Todos), que integra o Plano Brasil Sem Miséria, apenas via municípios e estados, excluindo a sociedade civil organizada.

A sugestão dada pelo MDS (Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome) é que a ASA negocie sua ação em cada um dos estados contemplados.

Para além da parceria com estados e municípios, o governo também anuncia a compra de milhares de cisternas de plástico/PVC de empresas que começam a se instalar na região.

Ou seja, o governo não apenas rompe com a ASA, mas amplia a estratégia de repasse de recursos públicos para as empresas privadas. (mais…)

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Instituto Mídia Étnica lança a campanha ‘Contrarie as Estatísticas’

Apresentar ao jovem negro e negra de periferia que outro caminho é possível diferente daqueles apontados por estatísticas e indicadores sociais, é o principal objetivo da campanha “Contrarie as Estatísticas”, lançada nesta semana pelo Instituto Mídia Étnica IME/Correio Nagô. A iniciativa surgiu após a divulgação dos últimos indicadores sociais que apontam o alto risco de vulnerabilidades e desigualdades aos quais a juventude negra brasileira está exposta, a exemplo, do aumento da taxa de homicídios, analfabetismo, gravidez na adolescência, pobreza, entre outros.

A proposta é trazer referências de jovens negros e negras que vieram de comunidades carentes e que conseguiram driblar estes índices e ocupam lugar de destaque e de decisão na sociedade. Segundo dados do relatório “Situação da Adolescência Brasileira 2011 – O direito de ser adolescente: Oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), atualmente vivem no Brasil 21 milhões de meninos e meninas entre 12 e 18 anos, destes 56,6% são negros. Na Bahia, são aproximadamente dois milhões de adolescentes, deste 78,3% são de garotos e garotas negras. De acordo com dados da agência da ONU, projeções demográficas mostram que o país não voltará a ter uma participação percentual tão significativa dos adolescentes no total da população.

“Os jovens negros brasileiros precisam de exemplos que lhes sejam contemporâneos, ou seja, eles precisam saber que podem ser advogados, médicos, jornalistas, publicitários, que eles podem ter ensino superior e, principalmente, que eles podem estar vivos para realizar isso. É por isso que na campanha trazemos como referência, jovens que conseguiram contrariar essas estatísticas, dados estes que na maioria das vezes se transformam em números e mais números ao invés de ações concretas que mudem essa realidade”, explicou a coordenadora executiva do Instituo Mídia Étnica, Ilka Danusa. (mais…)

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Artistas e lideranças indígenas promovem Marcha pela Vida

No próximo dia 22 de dezembro será a vez do Estado do Amazonas fazer ecoar seu grito de guerra contra Belo Monte. Um grupo formado por artistas, professores, estudantes, intelectuais e lideranças indígenas estará realizando, a partir das 17 horas, a Marcha pela Vida, saindo do centro histórico de Manaus e percorrendo algumas ruas da cidade. A intenção é chamar a atenção da população sobre a construção da hidrelétrica no rio Xingu, nas proximidades da cidade de Altamira, no Pará.

“A hidrelétrica nos incomoda em tamanho, falta de transparência dos recursos empregados e perda da biodiversidade”, revela a jornalista e escritora Regina Melo, que considera a obra um acinte ao bom senso.  “Não é apenas a questão de Belo Monte que nos incomoda, mas as medidas que vêm sendo tomadas com riscos ambientais irreversíveis. O Brasil está dando passos para trás”, disse a jornalista, que encampa o movimento.

Fazem coro a essa inquietação e insatisfação contra Belo Monte, o diretor Nonato Tavares e a atriz Koia Refkalefski, ambos da Companhia Vitória Régia. Eles enfatizam a importância de assumir uma postura de luta contra os que agridem a natureza e em defesa da vida.  O artista plástico Zeca Nazaré também é um dos que se juntaram ao grupo para realizar o movimento em defesa da vida, pois considera importante apoiar esse tipo de manifestação. (mais…)

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Nota da CAI diante da violência contra os indígenas Guaranis no MS

NOTA DA COMISSÃO DE ASSUNTOS INDIGENAS-ABA SOBRE MORTES E DESAPARECIMENTOS DE INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO SUL

Profundamente chocada com a escalada de violência que se estabeleceu no estado de Mato Grosso do Sul, tendo como alvo de maneira sistemática comunidades e pessoas Guarani Kaiowa e Guarani Ñandéva, a Comissão de Assuntos Indígenas da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) vem a público manifestar sua preocupação com algo sem precedentes na história das relações entre os povos indígenas e a sociedade brasileira, que vê com assustadora rapidez aproximar-se uma situação que já está a ser caracterizada como genocídio.

Com efeito, o último fato, datado de 18-11-2011, teve como vítima o líder político e espiritual da comunidade de Guaiviry, que recentemente havia acampado no interior dos espaços por ela indicados como de ocupação tradicional. Segundo relatos de testemunhas, o senhor Nísio, de 59 anos de idade, morreu após ser atingido na cabeça, tórax e braços, seu corpo sendo levado em uma caminhonete, juntamente com dois adolescentes e de uma criança de cinco anos de idade. Todos seguem desaparecidos até o momento. Outras pessoas foram feridas com balas de borracha.

Chama atenção o fato de que procedimentos idênticos ou semelhantes foram utilizados em outros casos, como os seguintes: (mais…)

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Situação Guarani: Atuação de Comissão da ABA em Brasília

Dada a gravidade da situação Guarani no Mato Grosso do Sul, a Associaçao Brasileira de Antropologia (ABA) solicitou audiência às autoridades mais diretamente relacionadas à questão visando manifestar a sua preocupação com o assunto e tomar conhecimento das providências adotadas pelo governo federal.

Nos últimos dias 05 e 06 e dezembro, Bela Feldman-Bianco e João Pacheco de Oliveira, respectivamente Presidente da ABA e Coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas,  acompanhados pelo indígena Guarani-Kayowá, Tonico Benites, doutorando em antropologia (PPGAS/MN), sócio da ABA e membro da Ati Guaçu, realizaram reuniões sucessivas com as seguintes autoridades:

  • Dra. Deborah Duprat, Coordenadora da 6a. CCR da PGRR e Vice-Procuradora Geral da República;
  • Antropólogo Márcio Meira, Presidente da FUNAI;
  • Dr. Domingos Sávio Dresch da Silveira, Ouvidor Nacional dos Direitos Humanos;
  • Sr. Paulo Maldos, Secretário Nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República. (mais…)

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O setor de reflorestamento com eucalipto, grilagem e especulação de terras na bacia do rio Munim

Mayron Régis

As câmaras de vereadores de Belágua e Morros aprovaram leis que inibem os monocultivos em seus municípios e de repente alguém poderia se perguntar o que originou tais leis afinal nem Belagua e nem Morros se encontram plantios de eucalipto ou qualquer outra monocultura.

Alguém sugeriria que um preconceito ideológico se entranhou nas duas leis, pois elas se baseiam em boatos espalhados por ignorantes ou por organizações que discordam do modelo de desenvolvimento que por hora viceja nesse país.  Desse jeito não dá, alegaria esse alguém, o Estado descumpre duas vezes o seu papel constitucional ao desassistir as comunidades do interior e ao impedir que empresas montem seus projetos, o que redundaria em lucro para o homem do campo.

As leis contra a implantação de projetos de monocultivos não surgiram como num passe de mágica, o que é justamente o oposto da forma como esses projetos praticam ao instalaram-se nesse ou naquele município. Intensificou-se o processo de grilagem e de venda de terras em Belágua e Morros com vistas a implantação de projetos de monocultivos desde o ano de 2008. (mais…)

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Guerras sem vencedor, EUA sem influência

Fantasma das relações internacionais americanas, guerra do Iraque provou que força militar já não é sinônimo de vitória política

Por Patrick CockburnCounterpunch | Tradução: Vila Vudu

Os últimos soldados dos EUA estarão fora do Iraque dentro de três semanas. O presidente Obama e o primeiro-ministro do Iraque Nouri al-Maliki encontram-se em Washington, para declarar ao mundo que os EUA saem do Iraque tão fortes quanto lá chegaram e deixam, ao sair de lá, um país cada vez mais estável, mais democrático e mais próspero. Só mentiras, nada além de mentiras.

A operação de desinformação foi atentamente cronometrada, para que o presidente Obama entre no ano das eleições ‘declarando’ aos quatro ventos que pôs fim a uma guerra muito impopular, sem ter sofrido qualquer derrota. Já vimos a pré-estréia desse discurso há algumas semanas, quando o vice-presidente Joe Biden visitou Bagdá, para louvar as magníficas realizações dos EUA. (mais…)

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Aracruz: entre os royalties e a desigualdade

destaque eshoje 03 Aracruz: entre os royalties e a desigualdadeO município de Aracruz é o terceiro que mais recebe recursos dos royalties de petróleo, no Espírito Santo. Somente em 2010 foram R$ 31,4 milhões, atrás apenas de Presidente Kennedy (R$ 110,4 milhões) e Linhares (R$ 49,5 milhões). Os dados são do Anuário das Finanças dos Municípios Capixabas 2011. Nos últimos dez anos, a população do município aumentou 26,6%, passando de 64.637 para 81.832 habitantes, de acordo com o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, uma parte dessa população não sabe o que é prosperidade.

“O royalty é de quem? Para quem? Se perguntar o que é royalty a maioria não sabe o que é, não sabe para quê, não vê o recurso”, afirma o presidente da Organização Não Governamental (ONG) Amigos da Barra do Riacho, Valdinei Tavares.

Em maio, a prefeitura do município fez a desocupação do bairro Nova Esperança, em Barra do Riacho, destruindo casas de aproximadamente 300 famílias. Após ficarem desabrigados e morando numa quadra próxima a prefeitura, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi assinado pela administração municipal para pagamento do aluguel social para as famílias, mas os beneficiados reclamam de inadimplência. (mais…)

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Lançamento da Afro-Ásia

Na próxima quarta-feira (21), às 18h30, serão lançados os números 41 e 42 da Afro-Ásia no Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO). Os convidados receberão os exemplares da revista. As duas edições tiveram o apoio do Ministério da Cultura, Casa das Áfricas, Sephis e CNPq.

Afro-Ásia é, desde 1965, a revista semestral do CEAO da Universidade Federal da Bahia e se dedicada à divulgação de estudos relativos às populações africanas, asiáticas e seus descendentes no Brasil. Além disso, preenche destacado espaço na vida cultural brasileira pois é um dos poucos periódicos nacionais inteiramente dedicados a temas afro-brasileiros e africanos.

O quê: Lançamento da revista Afro-Ásia
Quando: 21 de dezembro (quarta-feira), às 18h30
Onde: CEAO, Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho
Mais informações: [email protected]

http://www.ceao.ufba.br/2007/news.php?cod=306

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