Quem são os homens de bem no Mato Grosso do Sul?

O que é ser humano? Ser homem, branco, cristão, heterossexual, escolarizado e burguês? Se esses são os referenciais da humanidade, provavelmente muito poucos ou até ninguém seja humano. O padrão colonial perverso ironizado a partir da segunda interrogação permeia o nosso imaginário, discursos e produz as categorias opostas ao padrão (inumanos, desumanos, estranhos, alienígenas, aberrações, anormais, abjetos, monstros, etc.).

E o que é ser índio/a? Muitas respostas tentariam dar conta dessa complexa pergunta. Umas identificariam os índios/as como humanos, sob o ideal da igualdade. Algumas afirmariam: “eles são diferentes, no entanto, merecem respeito como todos os humanos/as”. Outras diriam: “os índios/as não são iguais a nós, portanto, inferiores”. Implicitamente/explicitamente considera-se nessa última concepção que os índios/as não são humanos/as.

O padrão colonial justifica em sua lógica a negação dos Direitos Humanos aos povos indígenas. Os que não se adequam ao modelo humano de ser, não estão contemplados por esses direitos. A ditadura do latifúndio e/ou dos homens de bem/bens, os mais dignos de ser gente, mantém essa lógica conveniente aos seus interesses de perpetuarem a sua posição de melhor que os outros/as. E ser melhor, nesse sentido, quer dizer também ter maior concentração de recursos sob seu domínio e não partilhá-los com sujeitos desprezíveis.

Esse nazi-fascismo dos homens de bem/bens, promotor da limpeza étnica com seus grupos de extermínio, físicos e culturais, não deve continuar ditando as regras, circulando discursos que privilegiam os todo-poderosos como os donos da verdade e detentores da violência legítima em Mato Grosso do Sul. Não devemos deixar esses discursos dominarem nossas mentes, espíritos e corpos.

Sentimos medo, indignação, revolta e repudiamos essa situação de violência e negação do direito a vida dos povos indígenas. Convocamos outras pessoas a demonstrarem o que sentem com relação a isso também.

Linha de Pesquisa Diversidade Cultural e Educação Indígena – PPGE-UCDB
Grupo de Pesquisa Educação e Interculturalidade – CNPq/UCDB
Observatório de Educação Escolar Indígena – CAPES/INEP/MEC/UCDB
Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas – NEPPI/UCDB

Enviada por José Bonifácio Alves da Silva.

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