Minas é o terceiro em número de mortes violentas de jovens

alto vera cruz
O esporte é uma das ferramentas no Alto Vera Cruz para retirar as crianças das ruas
Estudo do IBGE coloca Estado atrás apenas de São Paulo e Bahia, no ranking das mortes na população entre 20 e 24 anos
Ernesto Braga – Do Hoje em Dia

Em outubro de 2010, os corpos de três jovens foram encontrados pela polícia em um imóvel da Rua Itaipu, no Bairro Alto Vera Cruz, Região Leste de Belo Horizonte. Dois irmãos, de 20 e 22 anos, e um amigo deles, de 24, foram brutalmente assassinados. A Polícia Civil prendeu um homem e apreendeu três menores, acusados de participar do triplo homicídio. A investigação concluiu que o crime foi motivado por envolvimento das vítimas com o tráfico de drogas. Pouco mais de um ano depois, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o relatório “Características da população e dos domicílios: resultados do universo”, com dados do Censo 2010. As estatísticas apontam Minas Gerais como o terceiro Estado com maior índice de óbitos entre a população de 20 a 24 anos, atrás apenas de São Paulo e Bahia. Foram 2.879 mortes de agosto de 2009 a julho de 2010. Belo Horizonte é o município com maior número de registros (425) e o Alto Vera Cruz aparece no topo do ranking dos bairros da Capital, com 13 casos.

O Censo 2010 não indica o que provocou os óbitos. Mas o IBGE destaca em seu relatório que essa é a faixa etária mais vulnerável a causas externas ou violentas, definidas como homicídios e acidentes de trânsito. O instituto se baseia em dados do Sistema Único de Saúde (SUS): em 2009, 61,3% das mortes de jovens de 20 a 24 anos, no Brasil, foram por causas violentas, e 90,2% das vítimas eram homens. “É a faixa etária mais vulnerável por estar mais próxima de fatores de risco, como o uso de drogas, consumo de bebidas alcoólicas e envolvimento em crimes. Além disso, esses jovens estão pouco inseridos em mecanismos de contenção da violência, como emprego ou casamento”, afirma o filósofo Robson Sávio Reis Souza, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Segundo o especialista, devido à defasagem dos dados, não dá para avaliar se o índice de letalidade por causas externas aumentou entre os jovens após 2009. “Agora é que o SUS está divulgando as estatísticas de dois anos atrás”.

A demógrafa Luciene Longo, coordenadora do setor de Disseminação de Informações do IBGE, afirma que a maior vulnerabilidade à violência nessa faixa etária vem sendo observada há uma década, quando foi feito o penúltimo censo. “Os homens são maioria entre as vítimas, pois se envolvem mais em conflitos do que as mulheres jovens”, destaca.

Morador do Alto Vera Cruz há 32 anos, o cobrador aposentado Pedro Ferreira da Silva, de 54, perdeu um filho em novembro de 2009, vítima da banalização da violência. Adriano tinha apenas 23 anos e era servente de pedreiro. “Ele estava trabalhando e fez uma brincadeira com o pedreiro, dizendo que a janela estava torta, fora de esquadro. O rapaz ficou ofendido e acertou um tijolo na nuca do meu filho, que morreu na hora”, lamenta. Pedro é voluntário em uma escolinha de futebol gratuita no bairro, projeto criado para afastar crianças e adolescentes da marginalidade.

Robson Sávio ressalta que os bairros de Belo Horizonte onde o IBGE registrou a maior concentração de óbitos de jovens de 20 a 24 anos têm histórico de homicídios relacionados ao tráfico de drogas. Depois do Alto Vera Cruz aparecem o Piratininga, em Venda Nova, com nove ocorrências; Conjunto Taquaril e São Geraldo, na Região Leste; e Vila Barragem Santa Lúcia, na Centro-Sul, com sete cada. “São locais em que a morte juvenil está ligada à droga, sobretudo ao crack, que é o maior estimulante da violência”.

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