O Incra no Médio São Francisco foi imitido, nesta quinta-feira (17), na posse de dois imóveis rurais situados dentro da área do território quilombola Conceição das Crioulas, no município de Salgueiro (PE), a 515 quilômetros da capital do estado, Recife. Os sítios Jurema e Chapada, com áreas de 53,1796 hectares e 227,3733 hectares, respectivamente, foram desapropriados para fins de regularização do território.
A imissão na posse desta quinta-feira encerra mais um capítulo do processo de desintrusão, que consiste na retirada dos ocupantes não quilombolas do território. A ação está prevista no Decreto 4887/2003, conforme determina o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988.
O território de Conceição das Crioulas tem aproximadamente 36 imóveis a serem desapropriados, cuja precisão só será possível após a identificação e cadastramento das propriedades. Os processos tramitam na 20ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Salgueiro/PE.
Na área de atuação do Incra no Médio São Francisco, que compreende 42 municípios – sendo 36 pernambucanos e seis baianos -, há 51 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Destas, 34 têm processos de regularização de territórios instaurados na Superintendência Regional da autarquia.
Comunidade
O território de Conceição das Crioulas tem 750 famílias, aproximadamente quatro mil pessoas, que residem no local há mais de um século, vivendo da agricultura, pesca, apicultura, pecuária e artesanato. Semelhante à história de outras populações remanescentes de quilombo, Conceição foi formada a partir de ex-escravos refugiados do trabalho duro na exploração da cana de açúcar na região da Zona da Mata.
De acordo com os moradores, a origem da comunidade remonta ao início do século XIX, com a chegada de seis crioulas à região. Guiadas por Francisco José de Sá, um escravo fugitivo, chegaram à localidade e fixaram moradia. A região já era habitada pelos índios Atikum, com quem essas mulheres e seus descendentes passaram a conviver em harmonia.
As seis mulheres arrendaram uma área de terra de três léguas em quadra que aos poucos foram comprando graças ao trabalho de produção e fiação do algodão. Parte da área adquirida foi doada para a construção de uma capela, onde colocaram a imagem de Nossa Senhora da Conceição que Francisco José de Sá havia trazido na viagem. Em homenagem à santa, a comunidade passou a se chamar Conceição das Crioulas.
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