Mudanças climáticas elevam riscos para hidrelétricas da Amazônia

Por Daniel Rittner , Valor

BRASÍLIA – As mudanças climáticas, com aumento das variações de chuvas, colocam em risco a operação das grandes usinas hidrelétricas que estão sendo construídas na Amazônia. Em um horizonte inferior a dez anos, elas poderão enfrentar períodos de seca mais críticos do que hoje e contribuir menos do que o esperado para o sistema elétrico. A análise é do consultor Mário Veiga, presidente da PSR, que fez palestra na tarde desta quinta-feira para executivos do setor reunidos em evento da Associação de Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine).

Citando um estudo financiado pelo governo britânico e realizado pela Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o especialista apontou que já em 2020 a afluência de diversas bacias hidrográficas ficará abaixo da média dos últimos 75 anos. A previsão é de que ela corresponda a 88% da média na bacia do rio Amazonas, a 83% na do Tocantins, a 73% na do São Francisco e a 69% na do Parnaíba.

Para Veiga, isso “afeta a confiabilidade do sistema” e o governo não tem olhado para o problema “com a urgência necessária”. Ele lembrou que as usinas a fio d’água (com reservatórios menores), como as hidrelétricas do rio Madeira e Belo Monte, têm aproveitamento muito menor nos períodos de estiagem e podem ficar ainda mais comprometidas com as mudanças climáticas. “Com as usinas a fio d’água, a preocupação é com o aumento da volatilidade”, afirmou. Por isso, ele defendeu a necessidade de mais usinas termelétricas para complementar o abastecimento de energia. As térmicas foram excluídas do planejamento do governo até 2020.

O consultor disse ainda que, nos próximos cinco anos, o mais crítico para o sistema elétrico é 2013. “Não é nada para perder o sono, mas temos um dever de casa a fazer”, disse Veiga. O risco de racionamento ainda está entre 3% e 5%, “o que é bastante aceitável”, segundo ele. Mas possíveis atrasos nas entradas em operação de grandes hidrelétricas e das térmicas negociadas com o grupo Bertin causam alguma preocupação.

Enviada por Mayron Regis.

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