BRASÍLIA e RIO – A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira a operação Desfalque, para prender diversas pessoas acusadas de envolvimento em esquema de desvio de verbas públicas federais destinadas aos assentamentos de reforma agrária que atuam no Pontal do Paranapanema, em São Paulo. Entre os presos está José Rainha Junior, que ainda se apresenta como líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), embora o movimento afirme que ele não representa mais o grupo há pelo menos cinco anos. Rainha foi afastado por não se submeter às orientações do MST.
Segundo o site G1 , o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) confirmou que seu superintendente em São Paulo também foi detido com mais dois funcionários do órgão que atuam no interior paulista.
Ao todo, a 5ª Vara da Justiça Federal expediu dez mandados de prisão temporária, sete mandados de condução coercitiva e 13 mandados de busca e apreensão. Cerca de 60 agentes saíram às ruas por volta das 4h da madrugada, numa ação coordenada pelo delegado da PF em Presidente Prudente, Ronaldo Góes Carrer. Os presos estão sendo encaminhados à delegacia, onde estão sendo ouvidos.
A polícia informou que a investigação foi iniciada há aproximadamente 10 meses, com o acompanhamento do Ministério Público Federal.
“O grupo criminoso utilizou associações civis, cooperativas e institutos para se apropriar ilegalmente de recursos públicos destinados a manutenção de assentados em áreas desapropriadas para reforma agrária. São investigados crimes de extorsão contra proprietários de terras invadidas, estelionato, peculato, apropriação indébita de recursos de assentados, formação de quadrilha e extração ilegal de madeira de áreas de preservação permanente”, diz a PF.
Mandados judiciais são cumpridos em nove cidades paulistas
Os mandados judiciais estão sendo cumpridos nas cidades de Andradina, Araçatuba, Euclides da Cunha Paulista, Presidente Bernardes, Presidente Epitácio, Presidente Prudente, Sandovalina, São Paulo e Teodoro Sampaio.
O MST informou que não vai se pronunciar sobre a prisão de Rainha.
“José Rainha não participa de nenhuma instância de coordenação nacional, estadual ou local do nosso movimento, logo, não podemos responder pelas ações do movimento social do qual ele faz parte”, disse a assessoria do MST.
Até 2005, José Rainha já havia estado na prisão em pelo menos quatro ocasiões. Em 2003, chegou a passar quatro meses na prisão em Dracena, no Pontal do Paranapanema, acusado de porte ilegal de arma. Em setembro de 2005, o líder do MST ficou preso por nove dias, quando teve a prisão preventiva decretada pela juíza de Mirante do Paranapanema, Adriana Nolasco da Silva, acusado de participar da invasão da fazenda Santa Cruz, em junho daquele ano.