Seis anos de Chacina da Baixada

A caminhada em 2009: em nenhum dos seis anos a chacina deixou de ser lembrada. Foto: Márcia Floreto / O Globo
A caminhada em 2009: em nenhum dos seis anos a chacina deixou de ser lembrada. Foto: Márcia Floreto / O Globo

Por Thiago Ansel

Nesta quinta-feira (31), familiares e amigos das vítimas da Chacina da Baixada, juntamente com movimentos e organizações de defesa dos direitos humanos, farão uma caminhada em memória do sexto ano do massacre. O crime entrou para história como a maior chacina do estado do Rio de Janeiro. As execuções aconteceram em 2005, quando policiais militares percorreram de carro as ruas dos municípios de Nova Iguaçu e Queimados, disparando contra pedestres. Pelo caminho os policiais deixaram 29 mortos e um ferido. Entre as vítimas fatais oito crianças e sete adolescentes.

“A passeata é uma lembrança para que o que aconteceu não fique esquecido. A mídia já esqueceu, as autoridades já esqueceram. Então, além de uma homenagem às vítimas é uma forma de dizer que ainda estamos na luta e que esta luta não é só nossa. Qualquer um, qualquer pessoa de qualquer família pode ser vítima”, diz uma das organizadoras do evento, Luciene Silva. Ela é mãe de Rafael Silva Couto, morto aos 17 anos no massacre. (mais…)

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O que estão escondendo em Fukushima?

Parte final do reator é uma floresta de alavancas, fios e canos.

O especialista japonês Hirose Takashi propõe a solução sarcófago para Fukushima, enterrar tudo sob cimento, como se fez em Chernobyl. Para ele, Tóquio e Osaka correm um perigo real. Ele critica o comportamento do governo e dos meios de comunicação que não estariam informando à população da gravidade real do problema em Fukushima. “Todo mundo sabe quanto tempo demora um tufão a passar pelo Japão; geralmente leva uma semana. Isto é, com um vento de 2m/s, pode levar cinco até que todo o Japão fique coberto de radiação. E não estamos a falar de distâncias de 20 ou 30 km, mas sim de 100 km. Significa, Tóquio, Osaka”, adverte Takashi.

Douglas Lummis – Counterpunch

Hirose Takashi escreveu uma prateleira de livros, a maioria sobre a indústria da energia nuclear e o complexo militar-industrial. O seu livro mais conhecido é provavelmente “Nuclear Power Plants for Tokyo” no qual ele leva a lógica dos promotores da energia nuclear à seguinte conclusão lógica: se têm tanta certeza de que as centrais nucleares são seguras, porque não construí-las no centro da cidade em vez de a centenas de quilômetros, perdendo metade da electricidade pelos cabos condutores?

De certa forma, deu a entrevista, que está parcialmente traduzida em baixo, contra os seus impulsos. Hoje, falei ao telefone com ele (22 de março de 2011) e disse-me que, embora fizesse sentido apoiar a energia nuclear naquela altura, agora que o desastre começou, ele ficou calado, mas as mentiras que estão contando na rádio e na TV são tão flagrantes que tinha de falar.

Traduzi apenas o primeiro terço desta entrevista, a parte que diz respeito ao que está a acontecer nas centrais de Fukushima. Na última parte, ele falou sobre o quão perigosa é a radiação em geral, e também sobre o perigo contínuo causado pelos terramotos. (mais…)

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Carta de Dona Célia, da Dandara, ao receber a Comenda da Paz Chico Xavier

Dia 18 de março de 2011, eu recebi uma noticia que me fez refletir como é bom e importante ser cidadã. Frei Gilvander me disse que eu ia receber a Comenda da Paz Chico Xavier dia 25 de março lá em Uberaba, MG. Recebi a medalha feliz da vida. Eu nunca tinha posto o pé num avião. Fui a Uberaba de Avião. Gostei. Não senti medo.

Voltei um pouco no meu passado e recordei como foi difícil superar tantas dificuldades. Fui abandonada pelo esposo que eu confiava, traída e largada em um lugar aonde eu não conhecia ninguém. Foi difícil cuidar de três filhos. Fui para o Rio de Janeiro com o sonho de melhorar a vida e ganhar uma casa própria, mas lá não consegui nada. Cheguei a pesar 35 quilos.

Chegando a Belo Horizonte, MG, fui morar na casa do meu pai. Fiz um longo tratamento de saúde. Quando eu estava quase curada comecei a catar latinha, papel etc, para ajudar nas despesas. Nunca desistir de sonhar, pois ainda teria uma causa para terminar: criar meus filhos. Morei de favor até chegar à Comunidade Dandara. (mais…)

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Algumas reflexões sobre mudanças climáticas

Por Gilberto Vieira dos Santos

Tendo como lema “Com a Mãe Terra recriar o ambiente da vida”, realizou-se em Luziânia (GO), o II Simpósio Mudanças Climáticas e Justiça Social. O evento que aconteceu entre os dias 14 e 16 de março foi promovido pelo Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, organização que tem o papel de articular as pastorais sociais da CNBB, movimentos sociais e entidades da sociedade civil no intuito de “disseminar informações, gerar consciência crítica e mobilizações da cidadania, visando contribuir no enfrentamento das causas estruturais do aquecimento global que provoca Mudanças Climáticas em todo o planeta Terra”.

O Fórum tem realizado diversos seminários e encontros nas grandes regiões do Brasil para debater e amadurecer enfrentamentos ao fato que pouco negam: o planeta está aquecendo e as consequências, muitas já sentidas, tendem a atingir em breve populações pelo mundo todo.

Embora já tenha sido publicado um manifesto e uma Carta Compromisso elaborada a partir dos temas debatidos pelos mais de cem participantes, creio que é sempre interessante um olhar sobre este tema, para o qual espero contribuir. Tentarei fugir do estilo “relatório”, já que não é este o objetivo aqui.
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México – Congreso Nacional Indígena en Mezcala

REALIZACIÓN: ARTURO GUILLÉN Y DIANA SÁNCHEZ

Mezcala, Jalisco. Amenazas de empresas mineras en Wirikuta, territorio sagrado wixáritari, y en la Montaña de Guerrero. Construcción impuesta de carreteras en Durango y Jalisco. Proyectos turísticos aquí en Mezcala. Masiva invasión de empresas aguacateras en Cherán, Michoacán. Instalación de campos eólicos en el Istmo de Tehuan tepec, Oaxaca. Éstos son algunos de los incontables proyectos de despojo y destrucción contra las comunidades indígenas de México. Además, la represión —que incluye el asesinato, la desaparición forzada y el desplazamiento. (mais…)

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Twitter: a nova via da revolução? Entrevista especial com Sandra Montardo, Pollyana Ferrari, Adriana Amaral e Matheus Lock dos Santos

No Egito, os manifestantes derrubaram Hosni Mubarak depois de 30 anos no poder. As organizações dos movimentos se deram através do Twitter e do Facebook. Antes disso, na Tunísia, a população usa o Facebook e o Twitter para organizar manifestações que resultaram na destituição do presidente Ben Ali. Este episódio ficou conhecido como “revolução na Tunísia foi tuitada”, numa menção ao documentário “A revolução não será televisionada”, que apresenta os acontecimentos do golpe contra o governo do presidente Hugo Chávez, em abril de 2002. Na Líbia, o Conselho Nacional transitório, órgão criado pelos rebeldes, abriu uma conta no Twitter para se comunicar com os meios de comunicação nacionais e estrangeiros de forma direta. Após o terremoto que vitimou mais de dez mil pessoas no Japão, o povo usa o microblog para buscar informações sobre parentes e vítimas.

Não há como negar que o Twitter se tornou o meio de comunicação mais democrático da atualidade. “Não podemos dizer que, no caso da Líbia, Egito e Tunísia, foram as redes sociais que revolucionaram o movimento. O movimento já existia, a insatisfação popular já existia, só que as redes sociais potencializam a forma de atuação. Então, elas permitem que mais pessoas postem mais coisas, mesmo em regimes ditatoriais cujo controle é de ordem máxima”, explica a professora Pollyana Ferrari durante a entrevista que concedeu à IHU On-Line. Ela é complementada pela professora Adriana Amaral, que diz: “O poder revolucionário está nas pessoas, mas as redes potencializam e redistribuem esse poder, para o bem ou para o mal. Houve uma demanda que as mídias massivas de repente não estavam conseguindo contemplar”. Na mesma entrevista, a professora Sandra Montardo afirma que o papel do Twitter é importante porque está sendo utilizado em busca da democracia. Porém, ainda que o potencial do microblog esteja em alta, ele ainda sofre controle. O próprio Egito bloqueou o acesso ao sítio (twitter.com) quando percebeu seu potencial. “A internet e as plataformas que vieram com ela funcionam muito para ajudar a comunicação, a circulação de informação, mas ainda são fortemente controladas”, aponta Matheus Lock dos Santos. As quatro entrevistas foram concedidas por telefone à IHU On-Line. (mais…)

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Pescador Alexandre Anderson será um dos dez homenageados com a Medalha Chico Mendes

O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ criou em 1989 a Medalha Chico Mendes de Resistência para homenagear pessoas e entidades que têm se destacado nas lutas de resistência em nosso país e no cenário latino-americano.

Há 23 anos a Medalha Chico Mendes de Resistência acontece em 31 de março ou 1º de abril, no sentido de marcar para a sociedade em geral o que foi o golpe civil-militar de 1964 e seus inúmeros efeitos que se fazem sentir ainda hoje.

Este ano os homenageados escolhidos pelo GTNM/RJ, em conjunto com outras entidades – Centro de Atendimento a Vítimas de Violência (CEAV), Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis, Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (CEJIL), Comissãode Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia/RJ, Comissão de Direitos Humanosda OAB/RJ, Comitê Chico Mendes, Justiça Global, Partido Comunista Brasileiro (PCB),Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Rede de Movimentos Contra Violência, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) -, são:

1) Áurea Elisa Valadão (in memorian); 2) Lúcio Petit da Silva (in memorian); 3) CEJIL – Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional; 4) Miguel Pressburger (in memorian); 5) Juan Roger Rodríguez; 6) Ana Montenegro (in memorian); 7) Austregésilo Carrano (in memorian); 8) Alexandre Anderson Souza – Grupo Homens do Mar; 9) Familiares de Jovenildo dos Santos, assassinado no Morro da Coroa; e 10) Comitê Popular de Combate e Erradicação do Trabalho Escravo e Degradante no Norte e Noroeste Fluminense.

A entrega das medalhas será realizada no dia 1º de abril de 2011, na Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RJ – Av. Marechal Câmara, 150, 9º andar, Castelo, Rio de Janeiro , às18:00 horas.

 

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Governo avisa que punirá “trabalho indecente” e anarquia nos canteiros do PAC

O governo advertiu ontem a indústria da construção civil que não irá tolerar “trabalho indecente” nos canteiros de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E avisou a CUT e a Força Sindical que também não permitirá movimentos ou disputas intrassindicais que firam a lei.

“O governo não terá a mínima tolerância com qualquer sinal de trabalho indecente. Ao mesmo tempo, esse mesmo governo não vai permitir que disputas intrassindicais ou movimentos que firam a lei não sejam punidos”, disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Ele transmitiu essa mensagem durante a primeira reunião tripartite convocada por ordem da presidente, DilmaRousseff, para buscar a formação de um pacto que garanta a continuidade e a conclusão das obras do PAC. A segunda reunião está marcada para amanhã e servirá ao tratamento da crise que mantém paralisadas, há quase 15 dias, as obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, em Rondônia.

“Temos evidências, com fotos e provas, de que estamos vivenciando em obras do PAC, em especial SantoAntônio e Jirau, trabalho indecente e condições degradantes de trabalho”, afirmou o presidente da CUT, Artur Henrique, após a reunião. Ele foi contestado pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Simão. (mais…)

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Paim contra o racismo

Senador Paulo Paim

 

Paim: banana para Neymar e agressão a estudante baiano no RS mostram persistência do racismo

A provocação ao jogador de futebol Neymar no jogo do Brasil contra a Escócia neste domingo (27) e agressões praticadas por policiais contra o estudante negro Hélder Souza Santos no Rio Grande do Sul são exemplos da persistência da “chaga do racismo”, disse o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), senador Paulo Paim (PT-RS), nesta segunda-feira (28). O comentário foi feito durante a audiência que marcou os oito anos de criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), junto à Presidência da República, na qual se debateu ainda o Estatuto da Igualdade Racial.

No jogo do domingo, um torcedor atirou uma banana contra Neymar – ato entendido como hostilidade racial por associação com xingamentos costumeiramente lançados contra jogadores negros em alguns estádios europeus. No dia 21, um torcedor do Zenit, time russo, havia mostrado uma banana ao lateral-esquerdo Roberto Carlos, do Anzhi, no Petrovskiy Stadium, em São Petersburgo. Como punição, ele foi banido dos jogos naquele estádio.

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Comissão de Direitos Humanos do Senado discute Estatuto da Igualdade Racial

Presidente da Fundação Cultural Palmares, durante a Audiência Pública no Senado Federal
Presidente da Fundação Cultural Palmares, durante a Audiência Pública no Senado Federal

 

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, participou nesta segunda-feira (28) de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal. A audiência, solicitada pelo senador Paulo Paim (PT-RS), foi sobre os oito anos de criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e sobre a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/10).

Ex-ministro da Seppir, o presidente da Palmares afirmou que a criação da secretaria foi um marco, por ser a primeira vez que o Estado brasileiro criou um órgão para tratar de políticas públicas de igualdade racial. Segundo ele, já é possível observar o resultado, por exemplo, nas universidades, onde existe, atualmente, maior diversificação racial.

Araujo apontou também a necessidade de regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial, para que a sociedade possa fazer uso de seus direitos. O presidente afirmou que, embora contemple políticas destinadas especialmente à população negra, o Estatuto recebeu o apoio de toda a sociedade brasileira.
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