A maior desgraça

Três séculos de escravidão vincam até hoje os comportamentos da sociedade brasileira

Por Mino Carta*

Escrevi certa vez que se Ronaldo, o Fenômeno, se postasse na calada da noite em certas esquinas de São Paulo ou do Rio, e de improviso passasse a Ronda, seria imediata e sumariamente carregado para o xilindró mais próximo. Digo, o mesmo Ronaldo que foi ídolo do Brasil canarinho quando adentrava ao gramado. Até Pelé, creio eu, nas mesmas circunstâncias enfrentaria maus bocados, embora se trate de “um negro de alma branca”.

Aí está: o protótipo do preto brasileiro, o modelo-padrão, está habilitado a representar e orgulhar o Brasil ao lidar com a redonda ou ao compor música (popular, esclareça-se logo), mas em um beco escuro­ será encarado como ameaça potencial. Muitos, dezenas de milhões, acreditam em uma lorota imposta pela retórica oficial: entre nós não há preconceito de raça e cor. Pero que lo hay, lo hay. Existem provas abundantes a respeito e a reportagem de capa desta edição traz mais uma, atualíssima. Na origem, obviamente, a escravidão, mal maior da história do Brasil. (mais…)

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Semana “A coisa tá ficando Preta!!”

Profº. Dr. Kabengele Munanga

Semana da Calourada Malick  ”A coisa tá ficando preta” de 15/03 a 19/03/2011 UFSCar – São Carlos

Vimos por meio deste convidar a comunidade a participar das atividades que integram a Semana da Calourada Malick  intitulada “A coisa tá ficando preta”. A Semana da Calourada MALICK tem início no dia 15/03 (terça-feira) com a Conferência do Profº. Dr. Kabengele Munanga, (USP) com palestra do Prof. Dr. Renato Noguera (UFRRJ) e termina no dia 19/03 (sábado) com o Terno de Congada Chapéu de Fitas.

Essa Semana tem como um dos principais objetivos  construir espaços para recepção dos estudantes ingressantes, dentre eles os estudantes que ingressaram pelas Ações Afirmativas, aproximando-os do debate etnicorracial, bem como promover o respeito, a valorização e o reconhecimento de diferentes olhares, saberes e trajetórias. (mais…)

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Liberdade para Gegê!

Começa em três semanas julgamento de um líder dos movimentos pelo direito à moradia. É irmão do compositor Chico César e não cometeu ato que lhe atribuem. Enquanto o persegue, Justiça deixa livres prováveis criminosos

Por Comitê Lutar Não é Crime

Nos dias 4 e 5 de abril, o líder do Movimento de Moradia do Centro (MMC), Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, deve ir a júri popular. O julgamento estava marcado para 16 e 17 de setembro de 2010, mas não se concretizou. Representante do Ministério Público de São Paulo, responsável pela acusação, no próprio dia se recusou a realizar o julgamento, justificando que desconhecia o conteúdo de todas as provas apresentadas pela defesa. Tal posição foi aceita pela juíza e a data foi remarcada para abril.

A não realização do Júri naquele momento pôde se reverter em uma conquista importante. Como contrapartida ao adiamento do julgamento, a juíza deferiu o pedido da defesa e colocou fim a ordem de prisão expedida contra o líder, em vigor até aquele momento. (mais…)

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Perú: Comunidades de Ucayali piden auxilio de emergencia por inundaciones

Servindi, 12 de marzo, 2011.- Un desesperado llamado de auxilio efectuó la Federación de Comunidades Nativas del Ucayali y afluentes (FECONAU) por las inundaciones que arrasan campos de cultivo, animales y destruyen las viviendas de familias de más de cincuenta comunidades indígenas.

La federación afirma que se hallan frente a una desgracia nunca antes vivida. “Hace décadas que no veíamos estas lluvias ni estas crecidas” afirman los pobladores de la etnia shipibo de las tres principales cuencas conectadas al río Ucayali. (mais…)

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Amanhã, em Altamira, grande pescaria em defesa do rio Xingu, contra Belo Monte

Amanhã, segunda-feira, 14 de março, acontecerá uma grande pescaria em defesa do rio Xingu e contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte. O ato, que será realizado em Altamira (PA), é promovido pelos pescadores e pescadoras da região, que retiram do rio a sobrevivência de suas famílias.

O evento terá início às 9 horas com a concentração dos participantes no Cais de Altamira, em frente ao prédio da Eletronorte. De lá o grupo segue para a pescaria, momento em tecerão uma grande rede de pesca representando a união dos povos do Xingu contra Belo Monte. O retorno ao cais está previsto para às 16 horas, quando haverá uma coletiva de imprensa e a doação do pescado aos moradores da região.

A pescaria tem por objetivo denunciar as ameaças que pensam sobre os povos do Xingu com a construção de Belo Monte, bem como tornar público o desrespeito às leis e aos direitos humanos. As populações de Altamira que precisam diretamente do rio para garantir o sustento de suas famílias – indígenas, pescadores, ribeirinhos, têm sido vitimas constantes de ameaças e investidas de empresas que serão beneficiadas diretamente pela obra. (mais…)

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As cabeceiras do rio Jacu

Mayron Régis

A chuva dificilmente contempla alguém como se gostaria. Isso se deve pelo fato de que a chuva vem de longe. De outros campos, como os campos de Cachoeira, como os campos de Dalcidio Jurandir.

Ouve-se a chuva com os mesmos ouvidos da infância e da juventude; o que mudou foi o significado da chuva de uns anos atrás para cá. Ela traz vozes de pessoas que conversavam sobre e que esperavam pouco dessa vida.

Quando essas vozes se juntam, elas viram e desviram uma sinfonia ensurdecedora como a própria vida e a própria chuva se tornam e se retornam sem que peçam licença a ninguém. (mais…)

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O dia a dia no Acampamento Irmã Dorothy Stang, em Eunápolis, Bahia

As mulheres em festa no Acampamento. Foto: Ivonete Gonçalves.

Por Ivonete Gonçalves*, especial para o Blog Combate ao Racismo Ambiental

Na noite do dia 27 para o dia 28 as mulheres chegaram de todas as partes do Extremo Sul da Bahia no local, onde mais tarde viria a ser o acampamento Irmã Dorothy Stang. Muitas delas carregavam os seus filhos e filhas como se fossem para a melhor festa do planeta. E por volta das 4:00 horas, do dia 28, antes mesmo que o Rei Sol surgisse no horizonte, centenas de árvores inúteis do deserto verde de eucaliptos tombavam numa área de cerca de 8 mil hectares da Veracel Celulose, a maior proprietária de terras do Estado da Bahia. E foi assim durante os 10 dias que resistem no local.

Todas as manhãs as mulheres tomadas pela consciência de que o ‘modelo de desenvolvimento’ baseado no latifúndio; no agronegócio não poderá ser tolerado pois é  responsável pela destruição da biodiversidade, cortam eucalipto e plantam alimentos. São cerca de 1500 mulheres de todas as idades, credos e cores. Cozinhas, barracos, plantios, escola, posto de saúde, construídos coletivamente. Uma verdadeira lição de cidadania e amor! (mais…)

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Inedita sentencia contra una petrolera Neuquina: La empresa condenada a pedir autorización

El fallo establece que, para trabajar en ese lugar, la empresa debe contar con permiso de la comunidad mapuche. Un antecedente para las comunidades en conflicto de todo el país.

Por Darío Aranda

En las comunidades indígenas y entre los abogados especializados en derecho indígena se escucha desde hace tiempo una afirmación, mezcla de hipótesis y deseo, pero también con sustento jurídico: de respetarse los derechos indígenas, las empresas y gobiernos no podrían avanzar unilateralmente sobre los territorios indígenas. La Justicia de Neuquén acaba de dar un paso en ese sentido. Falló contra una empresa petrolera que pretendía impedir los reclamos de la comunidad mapuche Wentru Trawel Leufu (Hombres de Río Reunidos), afectada por la invasión de su territorio ancestral. La sentencia, la primera de su tipo en Neuquén y que será precedente para otras causas del país, afirma que se transgredió la ley al no haber informado y obtenido el visto bueno de la comunidad para explotar los recursos naturales, remarca la obligatoriedad de respetar la frondosa legislación (nacional e internacional) que protege los derechos indígenas y apunta también al rol de otros poderes: “Todo gobierno que desatienda (la leyes citadas) debe ser considerado como discriminador de los pueblos indígenas”. (mais…)

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Dilma prestigia movimento negro…

Roldão Arruda, de O Estado de S. Paulo

Depois de anunciar o aumento no valor do Bolsa Família e de receber sindicalistas em Brasília, a presidente Dilma Rousseff prepara-se para prestigiar organizações do movimento negro. Ela deve participar no dia 21 da entrega dos prêmios do Selo de Educação para a Igualdade Racial. Serão premiadas as 100 melhores experiências de escolas de ensino básico e secretarias municipais e estaduais de educação na área de combate ao preconceito étnico-racial. Na mesma ocasião, a presidente deve lançar oficialmente no País o Ano Internacional para Afrodescendentes, instituído no ano passado pela ONU.

A presença de Dilma está sendo anunciada pela Secretaria de Política de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que organiza o evento. A escolha do dia 21 de março se deve ao fato de a data marcar, no calendário da ONU, o Dia Internacional para a Eliminação da Desigualdade Racial. Também se comemora nesse dia a criação da Seppir, que está completando oito anos. (mais…)

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Paulo Henrique Amorim: Racismo no Brasil

por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada:

No post “Em três assassinados 2 são negros. Não, não somos  racistas” [2], o Claudio fez o seguinte comentário:

Caro PHA, você não deu o devido crédito à fotografia que usa para ilustrar o seu comentário. Não por questão de direitos autorais, mas pela história dessa foto.

A foto “Todos Negros” foi tirada pelo fotógrafo Luiz Mourier em 1982, no Rio de Janeiro.

http://ahistoriabemnafoto05.blogspot.com/2007/09/depoimento-5.html

Aqui está a história da foto do Mourier

TERÇA-FEIRA, 18 DE SETEMBRO DE 2007

Luiz MorierTodos Negros

Trechos do depoimento de Luiz Morier, gravado em 11/05/2007, a respeito de sua foto intitulada por ele “Todos Negros”.

Quando eu fiz esta foto, eu estava passando pela Grajaú-Jacarepaguá, e, passando pela estrada, percebi que havia uma blitz. Parei e fotografei a blitz. E me deparei com esta cena, os negros todos amarrados pelo pescoço. E até dei o título da foto de “Todos Negros”. E logo em seguida eu fui embora, e mais abaixo tinha uma manifestação dos moradores, eu continuei fazendo a seqüência e tal, e fui embora. (mais…)

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