CE – MP autua empresa em Paraipaba

Produtora de bulbos foi autuada, após denúncia de moradores e morte de 16 rezes de uma fazenda vizinha

Fortaleza – Depois de três meses de investigação, motivada por denúncias de moradores de Sítio Barreira Vermelha, em Paraipaba, o Ministério Público do Estado, através do promotor de Justiça da Comarca daquele Município, Lucas Azevedo, ingressou, no último dia 28, com Ação Civil Pública contra a Empresa CBC Produção de Bulbos do Ceará Ltda., requerendo a imediata suspensão da pulverização de agrotóxicos na localidade, sob pena de interdição do estabelecimento empresarial, bem como o pagamento de multa diária.

De acordo com a Promotoria, as substâncias utilizadas pela CBC no cultivo de plantas ornamentais é responsável pela morte de 16 rezes de uma fazenda vizinha ao campo de pulverização, além de irritação nos olhos e reações alérgicas das pessoas que moram ao redor do lugar. “Tem os um laudo técnico provando que os animais morreram em razão da ingestão da pastagem contaminada com substâncias agrotóxicas e inseticidas”, afirma o promotor.

Conforme a legislação ambiental, não pode haver moradias, pastagem e mananciais num raio de 500 metros do campo de pulverização. O que, segundo o promotor, não ocorre neste caso. “Há um estudo da Prefeitura que indica a existência de 600 pessoas morando por lá, em 46 residências. Além disso, um laudo da Adagri revela que 10 das 20 substâncias utilizadas são consideradas extremamente ou altamente tóxicas. Acredito que a ação seja deferida pelo juiz. Há muitas provas e evidências”, complementa.

O promotor Lucas Azevedo afirma que não existe nenhum levantamento técnico ou científico que comprove a segurança no uso dos agrotóxicos para o meio ambiente, moradores e funcionários da CBC. Para completar, dois inquéritos civis públicos contra a empresa foram ab ertos: um por dano ambiental e o outro por dificultar a fiscalização de técnicos da Adagri.

Sem licença

A Semace informou que a CBC não tem licença operacional, portanto, não pode continuar funcionando. O órgão autuou a empresa quatro vezes no ano passado e a multou em mais de R$ 20 mil. Segundo a Semace, foi constatada outra irregularidade pelos técnicos: as condições de armazenamento dos agrotóxicos não estão de acordo com as exigências ambientais. A Semace informou que a Adagri também multou a mesma empresa, no mês passado.

A reportagem procurou a CBC, mas não obteve retorno. Porém, o presidente da Câmara Setorial de Floricultura, Gilson Gondim, acredita que a mortandade dos animais não tenha sido causada pela empresa. “Até onde eu sei não ficou comprovado que o gado morreu por conta das substâncias. A CBC é a maior exportadora de plantas ornamentais do Ceará e tem cumprido seus com promissos ambientais, respeitando as normas. Inclusive, ela fornece capim para diversos produtores vizinhos”, contrapõe Gilson.

MAIS INFORMAÇÕES

Ministério Público do Estado do Ceará
Comarca de Paraipaba
Telefones: (85) 3363.1442 / 1226

Enviada por Rodrigo Medeiros.

Comments (1)

  1. Meu nome é Cristina sou proprietária da fazenda vizinho a CBC, estamos instalados neste local há mais de 30 anos e o que tenho a dizer que as provas colhidas pelo MP são irrefutáveis.

    O fato é que nosso gado foi intoxicado por veneno é verídico e foi atestado por um laboratório de especializado do interior de SP.

    Neste post da empresa, vi que um dos argumentos da empresas se amparam no fato gerarem emprego na região, isto é um absurdo! A que preço temos que pagar pela nossa pobreza, em sendo assim temos que nos sujeitar a qualquer condição pelo fato de uma empresa nos fornecer oportunidade de emprego?!
    Pintar um hospital e contribuir para o social de uma cidade pobre é passaporte para agredir a natureza e poluir o meio ambiente?

    Gente a coisa é muito mais seria, estamos falando que esta empresa está instalada há menos de 75 metros de lagoa que abastece a cidade com água potável, a pulverização dos campos está sendo feito no meio de uma comunidade onde moram mais de 600 pessoas com agrotóxicos de altíssima toxidade,podem comprovar tudo através dos laudos da SEMACE e da ADAGRI.

    Muitos pássaros morreram, eu mesmo sou testemunha de ter visto vários, as pulverizações inclusive são feitas diariamente com um mega pulverizador, existem testemunhas arroladas no processo do MP que já atestam problemas respiratórios por conta do nível de intoxicação do ar.

    A mortandade dos animais também é verdadeira , perdemos animais de 350 kg, que agonizaram até a morte, ao todo foram 16 rezes. Tenho na minha fazenda atendimento com médico veterinário constante mas nada foi possível fazer para evitarmos a morte deste animais. Foi terrivel, assistirmos por varios dias os animais agonizarem até morrer, babando e sofrendo com fortes tremores , eles morriam por asfixia. Esta morte também foi atestado por técnicos da Emater e da Secretária de agricultura do município e do estado.

    Fico imaginado se um animal de trezentos quilos foi contaminado o que dirá uma criança que tem um peso corporal de 20 kg.

    Quanto a empresa que se está se fazendo de surpresa, é tudo um blef, pois tantos seus funcionários, como gerentes e diretores estiveram na fazenda e acompanharam tudo de muito perto.

    Seria muito bom ouvir as outras partes envolvidas neste crime ambiental, como eu que estou aspirando veneno todo dia…

    Vejo que o Ceará exporta flores para embelezar os lares europeus a preço de adornar nossos cemitérios com cruzes? Acham isto justo?

    Cristina Trajano

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