Diálogos culturais movimentam Palmares

Maria Auxiliadora Lopes incentivou alunos a tornarem-se formadores de opinião

Por Denise Porfírio

Pesquisadores, escritores, educadores, religiosos, representantes de quilombos e de instituições de promoção da cultura negra de diversas partes do País participaram, no último dia 17, do ciclo de palestras Diálogos culturais – mais uma iniciativa da Palmares para celebrar o Mês da Consciência Negra, o evento foi realizado no auditório da Fundação.

Os Diálogos culturais têm como objetivo capacitar profissionais da área de educação para o fomento de conteúdos sobre a contribuição do negro na formação do País. Cerca de 100 estudantes de escolas públicas do Distrito Federal puderam conhecer e tirar dúvidas, durante todo o dia, sobre o patrimônio cultural, social e artístico do negro no Brasil.

O diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira da Palmares, Elisio Lopes Jr., explicou a trajetória de Zumbi dos Palmares e sua importância para o contexto histórico nacional. Diante de dados estatísticos do IBGE, que afirmam que 50% da população brasileira se declara negra, Lopes convidou os participantes a uma reflexão sobre o assunto.

– É preciso haver respeito à diversidade e ao diálogo entre as raças, pontuou.

DIREITOS IGUAIS – Maria Auxiliadora Lopes, professora e conselheira da Palmares, defendeu a ideia de que os alunos que possuem acesso a atividades curriculares sobre a cultura afro-brasileira terão mais oportunidades de se tornarem formadores de opinião e cidadãos conscientes do papel do negro na sociedade. Mas é necessário também “pensar na igualdade de oportunidades, para que os jovens de diferentes perfis étnico-raciais possam um dia ocupar cargos de jornalistas, parlamentares, filósofos…”.

O educador Márcio Corte Real e a antropóloga Goli Guerreira compartilharam suas experiências e defenderam a valorização do patrimônio musical negro, como o break norte americano, o candombe uruguaio, a ag´ya da Martinica, a capoeira e o samba de roda do Brasil como manifestações culturais de afirmação da identidade afrodescendente no País.

LITERATURA E RELIGIOSIDADE – Na ocasião, o sacerdote Anselmo José da Gama Santos lançou nacionalmente o livro Terreiro Mokambo: espaço de aprendizagem e memória do legado banto no Brasil. A publicação é voltada para o aprendizado do candomblé – religião de matriz africana trazida ao Brasil por escravos que articulavam a língua mais falada em Angola e no Congo – o kimbundo. Cafuné, cachimbo, cafundó são algumas das palavras absorvidas pelo saber popular brasileiro.

– O candomblé acolhe pessoas de diferentes orientações sexuais, sociais ou políticas. Para nós, não existe o bem e o mal e sim o certo e o errado, ensina.

http://africas.com.br/site/index.php/archives/5297?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/ZLVz+(AFRICAS.com.br)

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.