Eduardo Sales de Lima, da Redação
A estudante de direito Mayara Petruso clamou, por meio de uma rede social na internet, por um assassinato em massa. “Nordestino não é gente, faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado!”. A moça proferiu isso por conta da vitória de Dilma Rousseff (PT) nas eleições presidenciais, atribuindo sua vitória ao voto dos nordestinos. A atitude dela, entretanto, apenas traça uma caricatura histórica de alguns setores da sociedade brasileira, especialmente o sulista. É de muito que a infelicidade do preconceito encontra eco nas classes médias e elites do país.
Um exemplo disso. Diogo Mainardi, no artigo “Com Dilma, o PT chega em quinto”, escrito para a revista Veja, esbaldou-se da visão racista do jornalista carioca Euclides da Cunha (autor de Os Sertões, morto em 1909) para criticar o povo brasileiro e nordestino. Diz o texto de Mainardi: “analisando a campanha de Canudos, Euclides da Cunha delineou perfeitamente o caráter nacional”. O articulista de extrema-direita, ao criticar a vitória de Dilma Rousseff e a continuidade do governo petista, capitaneado com relativo sucesso por um pernambucano, afirma que Euclides da Cunha compreende a mente e o comportamento dos brasileiros quando assemelha os seguidores de Antônio Conselheiro a “retardatários”, dotados de uma “moralidade rudimentar” e com uma série de “atributos que impediam a vida num meio mais adiantado e complexo”. (mais…)