Por: Juliano Gonçalves Pereira*
Na calmaria desse dia em que a cultura ocidental cristã enraizada no Brasil, pára o capitalismo, nos obrigando a pensar em nossos entes queridos levados pela ordem natural da existência humana, trago reflexões de sentimentos de inquietação, indignação, tristeza e impotência que se confrontam em meu âmago negro juvenil. O feriado de finados nos deixa vulneráveis à realidade latente da morte, e é na sensibilidade que essa data nos proporciona, que trago uma rápida análise de duas importantes personalidades sociais que são cotidianamente injustiçadas pela realidade da vida, o da falta dela. Todos os dias este sentimento de perda que hoje se evidencia na mentalidade brasileira, se expande nas favelas e guetos desse país, nos corações aflitos e mentes angustiadas de mães que perderam precocemente seus filhos, bem como dos jovens que vivem cotidianamente na linha tênue entre a vida e morte, no modelo de juventude do medo que se espalha entre a juventude pobre e viciada brasileira, cuja maioria é negra.
A chuva de novembro, práxis nessa data aqui no norte de Minas Gerais, da um triste tom, ao sedentário dia desse feriado que possui uma característica dissonante dos demais feriados prolongados de nosso calendário. O dia de finados, para culturas como a Banto, (base da cultura afrobrasileira) é comemorado com grandes banquetes e festas, pois é lembrada como uma data que completa o complexo e misterioso ciclo da vida, porém hoje, nos possibilita navegar na realidade nua e crua de um dia comum para a Juventude Negra brasileira, e de seus familiares e amigos, que diariamente acendem velas pela perda de seus semelhantes nessa guerra silenciosa que tem exterminado parte significativa dessa juventude. (mais…)
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