Relatório aponta que 1.267 migrantes foram sequestrados em seis meses no país

Karol Assunção *

Adital – O massacre de 72 indocumentados ocorrido na semana passada em San Fernando, Tamaulipas, no México, chamou atenção de autoridades e sociedade para um risco vivido por migrantes que cruzam o país para tentar entrar nos Estados Unidos: ser alvo grupos criminosos. A violação aos direitos dos migrantes não é uma situação nova nem difícil de acontecer em território mexicano. Prova disso é que, em seis meses, 1.267 pessoas foram vítimas de sequestro no país.

A informação foi divulgada ontem (30), pela Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) do México no relatório “Informe especial sobre os casos de sequestro contra migrantes em território mexicano” e refere-se a dados colhidos no ano passado. No documento, a Comissão ressalta que são “constantes e graves os feitos de sequestro de que são vítimas os migrantes em seu trajeto pelo território mexicano”.

O relatório aponta ainda que a maioria dos casos concentra-se nos estados de Veracruz (sudeste), com 443 casos; Tabasco (sudeste), 272; e Tamaulipas (nordeste), 263. Juntos, os três somam 77,2% do total de sequestros registrados pela Comissão.A CNDH chama atenção para participação de autoridades nos crimes. Segundo revela o documento, alguns agentes do Instituto Nacional de Migração (IMN) e Polícia Federal estão envolvidos em sequestros de migrantes. A atuação maior, entretanto, ainda fica a cargo de grupos criminosos.

As quadrilhas “polleros” e “Los Zetas” são as mais destacadas pelo informe. As duas são responsáveis por 574 sequestros de migrantes sem documentos. Outros 340 casos, de acordo com CNDH, foram realizados por demais organizações criminosas “sem especificar”.

Mulheres, crianças e adolescentes também não estão livres de serem vítimas dos grupos. De acordo com o documento da Comissão, dos 1.267 migrantes sequestrados em seis meses, 22 eram menores de idade. Em relação às mulheres, além de serem vítimas do sequestro, ainda sofrem outros tipos de violações, como violência física e sexual. Segundo o relatório, muitas são obrigadas a “coabitar” com os criminosos na “qualidade de companheira do cabecilha da quadrilha”.

Chacina em Tamaulipas

O informe da CNDH foi divulgado logo após a repercussão do massacre ocorrido na semana passada em Tamaulipas, México. Na ocasião, 72 migrantes indocumentados de vários países foram mortos quando tentavam passar pelo país para chegar nos Estados Unidos. Apenas um conseguiu sobreviver e já voltou para o Equador, seu país de origem.

O episódio não passou despercebido pela Comissão Nacional dos Direitos Humanos. Na quinta-feira passada (26), o organismo solicitou à Procuradoria Geral de Justiça do estado de Tamaulipas a aplicação de medidas cautelares para “preservar as evidencias e os dados que permitem a identificação das vítimas”.

Com informações de agências.

* Jornalista da Adital

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=50601

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