Índios e agricultores unem-se contra construção de usinas

Cerca de 600 lideranças de ribeirinhos, pequenos agricultores, e indígenas das etnias Munukuru, Karitiana, Tupaia, Borari, Arara, Juruna, Xicrin e Kaiapo , decidiram fechar aliança contra “as investidas” do governo federal na construção de projetos hidrelétricos nos rios Madeira, em Rondônia; Teles Pires, no Mato Grosso; Tapajós, no Pará; e Xingu, no Pará (Usina de Belo Monte). O encontro ocorreu em Itaituba, Pará.

A reportagem é de Fátima Lessa e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 31-08-2010.


Durante o evento, que contou com a presença do procurador da República no Pará, Felício Pontes, e de especialistas de diversas áreas, foram relatados os graves impactos sociais que já ocorrem em Rondônia e apontadas supostas ilegalidades que marcaram os processos de licenciamento e instalação dos projetos do rio Madeira e de Belo Monte. De acordo com o procurador, há nove ações civis públicas do Ministério Público Federal (MPF) que ainda tramitam na Justiça contra a Belo Monte, englobando o período de 2001 a 2010, e abordam irregularidades.

Segundo a assessoria do encontro, em Mato Grosso existem dezenas de projetos em andamento para construção de hidrelétricas. No rio Teles Pires estão projetadas a implantação de cinco usinas. Três delas em Sinop, Colider e Foz do Apiacás. Segundo o MPF, outras duas – São Manoel e Teles Pires -, aguardam o licenciamento ambiental. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia 2008/2017, todos estes empreendimentos estão previstos para começarem a operar em 2017.

Miséria

Representantes dos atingidos pelas obras de Santo Antonio e Jirau descreveram a situação de miséria da população e problemas com aumento nos preços de alimentos, violência, prostituição e drogas. “Em Porto Velho, o quilo de farinha de mandioca chega a custar R$ 8,00. O peixe vem de Manaus. Muitas famílias de Jaci Paraná estão apavoradas, trancando suas filhas em casa, por medo de estupros e dos aliciadores.

“Conheci um velhor pescador que teve de internar o seu filho, viciado em crack. Em Jaci, as únicas formas de lazer para os trabalhadores das obras são bebidas, prostituição e drogas”, contou Iremar Ferreira, líder em Itaituba.

Apesar de estarem em estágios diferentes, lideranças avaliam que os projetos das usinas de Belo Monte, Complexo Tapajós e Complexo Teles Pires apresentam problemas similares. Segundo eles, a recém-criada “articulação de resistência às usinas” nos quatros rios prevê uma série de ações conjuntas, como a reprodução das análises jurídicas já existentes e de ações contra os projetos; e mobilização social conjunta em novembro deste ano.

PARA LEMBRAR

Protestos de populações indígenas que vivem nas áreas onde há grandes projetos de infraestrutura são constantes. Ultimamente, tem sido mais frequente manifestações contra a construção da usina de Belo Monte, no Rio Xingu. Os índios da região sempre se opuseram à obra e têm usado violência em seus protestos. Eles ameaçam levar a luta contra a hidrelétrica às últimas consequências.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=35875

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