Fazenda de pecuária é flagrada com 22 submetidos à escravidão

Durante quatro meses, trabalhadores da na Fazenda Boa Esperança, no município de Bom Jardim (MA), não receberam salários de forma regular e ainda foram impedidos de deixar o local por causa de “dívidas” com o “gato”

Bianca Pyl

O grupo móvel de fiscalização libertou 22 trabalhadores que eram submetidos a condições análogas à escravidão na Fazenda Boa Esperança, na zona rural de Bom Jardim (MA).  A operação, que contou com a pariticpação de integrantes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Federal (PF), ocorreu em 13 de agosto.

O gerente da fazenda contratou um “gato” (aliciador de mão de obra) que reuniu o coletivo de pessoas, há cerca de quatro meses, para fazer o serviço conhecido como “roço de juquira” – que é a “limpeza” do terreno para formação de pastagem com vistas à criação extensiva de gado bovino.

Durante todo período em que lá estiveram, os trabalhadores, que residem em municípios próximos à propriedade do fazendeiro Antonio Vieira Fortaleza, não receberam salários regularmente e ainda foram impedidos de deixar o local por causa das “dívidas” contraídas com o “gato”.  Alguns dos libertados ainda estavam com suas Carteiras de Trabalho e da Previdência Social (CTPS) retidas.  A servidão por dívidas e a retenção de documentos são duas práticas do universo do trabalho escravo contemporâneo.

As vítimas eram remuneradas com valores inferiores ao salário mínimo e o aliciador atuava como intermediário no repasse dos pagamentos.  Ele recebia do empregador e conseguia “lucrar” por meio da venda de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de ferramentas de trabalho – que deveriam ter sido fornecidos de forma gratuita pelo empregador.  Assim, mantinha o controle por meio das dívidas, impedindo que houvesse abandono da empreitada sem que o montante devido fosse efetivamente pago.

Os alojamentos eram barracos feitos de palha de babaçu, com chão de terra batida.  A água fornecida aos trabalhadores não era potável e nem era reposta nas várias frentes de trabalho ao longo do dia.

A alimentação dos empregados era composta, diariamente, de café puro, uma lata de sardinha, farinha, arroz e feijão.  Tudo feito pela esposa do “gato”, que há três anos preparava refeições e nunca recebera pelo serviço.

O proprietário da Fazenda Boa Esperança, Antonio Vieira Fortaleza, pagou as verbas rescisórias dos contratos e o transporte dos trabalhadores aos locais de origem.  A quantia desembolsada chegou a R$ 60 mil.

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=364989

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