O jornalista Alexei Barrionuevo, em sua matéria sobre a hidrelétrica de Belo Monte no Brasil (15 de agosto de 2010) cometeu equívocos sobre a resistência indígena a este mega-projeto desastroso. Nós representamos um grande número de etnias indígenas da Bacia do Xingu, cuja sobrevivência e cujos direitos serão gravemente impactados pela usina de Belo Monte, violando a Constituição brasileira e vários acordos e convenções internacionais.
Diferente do que afirmou o senhor Barrionuevo, no encontro indígena que ocorreu na última semana em Altamira, Pará (no qual o jornalista não esteve presente), foi tomada uma decisão unânime e inequívoca por lideranças locais dos povos Juruna e Arara ameaçados por Belo Monte, e outras 31 etnias indígenas de toda a Amazônia, de continuar na luta contra a construção da usina. A resistência das populações indígenas contra grandes projetos hidrelétricos começou há 30 anos sob liderança do cacique Raoni Metuktire, do povo Kayapó, que afirmou no encontro de Altamira que continuará combatendo Belo Monte. De fato, o evento da última semana reafirmou e fortaleceu a aliança entre indígenas, ribeirinhos e pequenos agricultores na luta contra Belo Monte.
Na próxima oportunidade, gostaríamos que os senhores assegurem que os seus jornalistas realmente falem com as lideranças indígenas e não se baseiem em informações de segunda ou terceira mão.
Marcos Apurinã
Coordenador Geral da COIAB
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)
Sonia Guajajara
Vice-Coordenadora da COIAB
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)
Sheyla Yakerepi
Liderança indígena do povo Juruna”