Violência contra mulheres aumenta no primeiro semestre de 2010

Tatiana Félix

Dados da Polícia Nacional Civil (PNC) de El Salvador revelam que só no primeiro semestre de 2010, 342 mulheres foram assassinadas no país. Nos meses de maio e junho houve uma intensificação do feminicídio, com um total de 129 mulheres mortas, o que significa a morte de uma mulher a cada 12 horas, neste período. O feminicídio acentuado no primeiro semestre qualifica 2010 como o mais violento dos últimos dez anos.

Os 275 assassinatos cometidos contra mulheres de janeiro a maio deste ano representam 46% dos feminicídios ocorridos em 2009. O mês de maio registrou um total de 658 delitos graves contra as mulheres, entre os quais violação, agressão e perseguição sexual, além de feminicídio, conforme divulgou a Polícia Nacional. Muitas ameaças também foram registradas, destacando maio como um dos meses mais violentos para as mulheres.

As mulheres na faixa etária que compreendem os 35 até os 60 anos de idade são as que mais sofrem com ameaças e feminicídios, seguidas por jovens de 12 a 18 anos, observou a Organização de Mulheres Salvadorenhas (ORMUSA).

Segundo a entidade, as vítimas são assassinadas, na maioria das vezes, por armas de fogo, seguidas por armas brancas, como facas. Os corpos, geralmente, são encontrados em prédios abandonados, estradas ou vias públicas.

Embora também seja um delito que ocorre com muita frequência, muitas mulheres não chegam a denunciar a perseguição sexual que sofrem no ambiente de trabalho, escolar, nas ruas ou nos centros comerciais.

Tudo indica que a maioria destes crimes seja passional, onde homens apaixonados não correspondidos ou abandonados se julgam no direito de matar a mulher que o rejeitou. Para a diretora executiva da ORMUSA, Jeannette Urquilla, este contexto mostra que é evidente que por trás do crime existe uma manifestação de violência de gênero contra as mulheres.

Ela ressalta que a falta de investigação do Estado para esta modalidade de crime, revela aversão e desprezo pelas mulheres, enfatizando o machismo e o sentimento de propriedade sobre as mulheres e suas vidas. É importante esclarecer que a polícia do país qualifica os assassinatos de mulheres como homicídios, sem, entretanto, considerar a distinção de sexo ou o motivo do crime, com respeito aos homens.

Os dados da Polícia mostram ainda que a capital do país, San Salvador, é a cidade mais violenta e perigosa para as mulheres, seguida por San Miguel, que registrou 114 casos e Santa Maria com 77. Com menos registros de violências (20 casos), o departamento de Chalatenango se mostra como um dos poucos locais seguros para as mulheres salvadorenhas.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=49818

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