A Carta aberta abaixo foi escrita pelo Movimento Negro Brasileiro, que solicita seja apoiada e enviada para os e-mails abaixo listados. TP.
Desde que aqui chegamos, lutamos contra a escravidão, rompemos correntes, desmascaramos o mito da democracia racial e criamos na legislação brasileira mecanismos que, para além de nossa organização, pudessem dar conta do enfrentamento ao racismo.Na Constituinte, em 1988, conseguimos colocar a criminalização do racismo, o direito às terras quilombolas, o livre exercício das manifestações religiosas, entre tantas outras coisas mais. Por nossa própria conta, termos implementado as cotas raciais nas universidades, tornando a academia um espaço de diversidade e produção plural de pensamento; os conteúdos de valorização da história e cultura africana e afro-brasileira nos ensinos fundamental e médio, como uma das estratégias fundamentais de fomentar o antirracismo nas novas gerações.
A formulação inicial do Estatuto da Igualdade Racial foi uma ação apensada (espécie de compilação de todos os projetos de lei que tramitavam na Câmara dos Deputados), apresentada pelo então Deputado Federal Paulo Paim, em 2000, às vésperas da 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo. Muito discutimos e negociamos para a construção de um texto plural no sentido de enfrentar a complexidade do racismo.
Apesar disso, o Congresso Nacional distanciou-se do clamor sociopolítico antirracista, vinculando-se aos interesses de grupos conservadores, beneficiados pelo racismo e pela exclusão social a que negros e negras brasileiras são acometidos pela perpetração de conluios e redes de privilégios elitistas. Tais práticas e acordos escusos tiveram a conivência e participação de representantes do Governo Lula, especialmente da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, e de parlamentares da vertente democrática e popular em esvaziar o rol de direitos da população negra, demonstrando total violação de marcos legais e normativos, tais como a Constituição Federal e os tratados internacionais, além de profundo ausência de zelo para o desenvolvimento do País e instauração do princípio da igualdade.
Exigimos respeito a nossa trajetória política de negras e negros brasileiros e nos manifestamos pela defesa intrasigente de nossas conquistas históricas, repudiando o texto aprovado pelo Congresso Nacional. Reivindicamos ao Presidência da República o veto integral do Estatuto da Igualdade Racial – PLS 213/2003″.
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