Um grupo de 40 representantes das comunidades quilombolas Tia Eva (Campo Grande), Furnas de Boa Sorte (Corguinho), Furnas do Dionísio (Jaraguari), Picadinha (Dourados) Famílias Cardoso e Araújo Ribeiro (Nioaque) reuniu-se, nesta segunda-feira (21) com técnicos do Incra para inteirarem-se do andamento dos processos de regularização fundiária a cargo da autarquia no Mato Grosso do Sul.
O evento não foi só de cobranças e as lideranças comemoraram a decisão do juiz Federal Substituto, Clorisvaldo Rodrigues dos Santos, de que não existe irregularidades nos trabalhos de identificação da área de Furnas da Boa Sorte. Esta é a segunda vez que o impetrante tem seu pedido indeferido pela Justiça Federal.
Histórico da comunidade
Furnas de Boa Sorte é uma comunidade remanescente de quilombo, fundada por José Matias Ribeiro, Bonifácio Lino Maria e João Bonifácio, no final do século 19, na região de Corguinho, logo depois da abolição da escravatura.
Com o tempo, as terras foram expropriadas por fazendeiros e grileiros. Apesar de resistirem, não tiveram o apoio das autoridades e nem informações para impedir a invasão. Algumas pessoas, filhos dos fundadores, foram obrigados a vender suas áreas. Mais de um século depois, em 27 de setembro de 2007, o Incra reconheceu o território de 1.413 hectares como quilombola. Em 20 de novembro de 2009, Decreto do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva declara a área de interesse social, possibilitando, assim, o inicio da execução das desapropriações das propriedades.
Hoje, na antiga fazenda São Sebastião, vivem 45 famílias – aproximadamente 250 pessoas. José Bonifácio, um dos descendentes dos fundadores, mora no local desde que nasceu e faz parte da Associação Furnas de Boa Sorte. Ele afirma que acompanhou os estudos antropológicos e diz que ainda há uma área, com cerca de 200 hectares, que ficou fora do processo. O local onde fica localizado o cemitério da comunidade e onde estão enterrados os fundadores faz parte de um outro processo.
Segundo o superintendente regional do Incra, Waldir Nascimento, há um grande esforço por parte do Governo Federal para que as comunidades quilombolas tenham suas terras de volta, por isso, em todo o Brasil, cresce o número de processos de regularização fundiária de áreas quilombolas.
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