[Adital] – Diversas organizações, movimentos sociais, representantes governamentais, povos indígenas, originários e estudiosos aceitaram o desafio de propor ideias concretas para transformar o planeta Terra em um lugar melhor para se viver. Por este motivo, boa parte destes atores sociais se prepara rumo a Cochabamba, Bolívia, onde será realizada a Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra, que acontece nos próximos 19 a 22.
A Via Campesina, organização presente em todos os continentes, estará na Conferência a fim de fortalecer a mobilização proposta pelo presidente boliviano Evo Morale após a mal sucedida 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP15).
De acordo com a Itelvina Masioli, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e da Via Campesina no Brasil, a organização camponesa levará cerca de 100 dirigentes, representantes do movimento em todo o mundo, para apresentar as propostas e bandeiras levantadas pela Via Campesina.
“A Via Campesina levará uma proposta que já vem sendo discutida e que está no centro dos debates: não há necessidade de mudar o clima, mas sim o sistema de produção e consumo. Temos como proposta a soberania alimentar, que é um princípio de luta de vários povos do planeta. Queremos combater a agricultura industrial, que acentua a pobreza e a crise alimentar”, pontua Itelvina.
Além de estarem engajados no grupo de trabalho 17 “Agricultura e Soberania Alimentar”, os dirigentes da Via campesina também estarão à frente dos espaços de debate “Terra, o Território e a Mudança Climática” e “A agricultura sustentável esfria a Terra”.
“Estes momentos serão de debates abertos e em profundidade, com todos aqueles que comungam com a mesma linha de propostas sobre soberania alimentar e mudanças climáticas. Será um espaço de fortalecimento e construção dos direitos da Mãe Terra e de debate de ideias e propostas de articulações e ações futuras”, esclarece a dirigente da Via Campesina no Brasil.
Outro importante momento da programação da Conferência dos Povos acontecerá no primeiro dia do evento. Durante a Assembleia dos Movimentos Sociais será criado um espaço para que os movimentos fortaleçam e assumam a proposta do referendo mundial dos povos sobre o aquecimento, mecanismo proposto para que a população decida sobre as medidas a serem tomadas para salvar o planeta. “Os movimentos sociais têm que colocar peso e força no referendo. Essa proposta vai exigir uma forte articulação para que se torne realidade”, alerta Itelvina.
A expectativa é que a Conferência em Cochabamba, diferente da COP15, seja um espaço de propostas concretas, viáveis e responsáveis. Segundo Itelvina, a Via Campesina está motivada a participar por acreditar na proposta de Evo Morales.
“Estamos com boas expectativas para este momento. A conferência de Copenhagen foi uma feira das multinacionais onde estava em negociação o clima. Cochabamba é um espaço de debates, ideias, mobilizações, onde será inaugurado um espaço forte de diálogo para saber o que pensam os povos do mundo inteiro. Nesta Conferência serão lançadas propostas concretas, como o Tribunal de Justiça Climática. Acredito que após participarem da Conferência, os governos sérios poderão utilizar as decisões tomadas em Cochabamba e transformá-las em políticas públicas. Em Copenhagen eram as empresas fazendo negócios e o movimentos sociais fazendo protesto. Cochabamba acontece com outra perspectiva”, encerra Itelvina.
* Jornalista da Adital
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