Agressores da líder do Candomblé continuam soltos

Policiais militares da Bahia que agrediram e prenderam a líder religiosa do Candomblé, Bernadete Souza Ferreira, de 42 anos, no Assentamento D. Hélder Câmara, em Ilhéus (a 464 Km da capital), continuam soltos e passaram, agora, a intimidar testemunhas. A notícia é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 12-11-2010.

“Eu ainda estou em estado de choque. Me custa acreditar que isso aconteceu em pleno século XXI”, disse Bernadete em entrevista ao repórter Dojival Vieira, da Afropress. “Estamos apreensivos em relação aos policiais”, agregou, temendo pressões sobre pessoas que assistiram o episódio da prisão.

“Não levem minha avó. Deixem minha avó”, pedia Omidaré, 4 anos, neta de Bernadete. No dia 23 de outubro, policiais militares entraram, por volta das 14h30, no Assentamento D. Helder Câmara, sem mandado judicial, a procura de um homem que supostamente teria escondido drogas no local.

Bernadete e o marido dela, o professor de Filosofia, Moacir Pinho de Jesus, estavam em casa quando perceberam a presença de oito policiais, fortemente armados, com um jovem algemado. Os policiais invadiram a sede da Associação de Moradores e vasculharam o recinto.

Como não tinham mandado judicial, Bernadete foi incisiva com os policiais. “É melhor vocês se retirarem. Isso aqui é uma área privada, um assentamento. Vocês podem entrar nas casas de quem não conhece as leis, Mas aqui nós não somos abestalhados”, relatou a líder religiosa aos repórteres Alexandre Lyrio e Jorge Gauthier, do Correio da Bahia.

O comandante da operação, soldado Julio de Souza Guedes, deu voz de prisão à yalorixá, pegou-a pelos cabelos, arrastou-a por cerca de 500 metros e jogou-a sobre um formigueiro. Bernadete foi colocada, depois, num camburão da polícia e presa em cela junto com homens, onde ficou detida por cerca de quatro horas.

Em carta enviada ao governador da Bahia, Jacques Wagner, do Partido dos Trabalhadores, a coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado, Vanda Gomes Pinedo, disse que “as instituições de segurança do Estado são sem dúvida as grandes legitimadoras do racismo”, que atuam de forma brutal, “com requintes de ódio racial, quando se trata dos adeptos da religião de matriz africana.”

O movimento social baiano exige a prisão dos envolvidos na invasão do Assentamento D. Hélder Câmara com base na Lei da Tortura – Lei 9.455/07, a revisão dos programas das corporações, com a inclusão de formação continuada sobre relações raciais no Brasil.

“Que existem grupos racistas de origens neo-nazistas e fascistas sabemos e sempre os combateremos. O que não suportaremos é que o Estado que sustentamos com nossos impostos seja o legitimador de tais grupos, e que os ocultem atrás das fardas e aparelhos do Estado”, destacou Vanda Pinedo.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=38310

Comments (2)

  1. Fascistas é o sistema como um todo, tanta publicidade,tanto bla,bla,bla, so porque a agressao foi dias proximos ao tal dia da conciencia negra, utopia nesse brasil de racistas, todos querendo so se aparecer, em torno do caso,Governo,justica e movimentos sociais, uma micelandia completa, uma marmotagem explicita, para encher linguica,(vulgo popular) institucional e resumir a isso, que é a cultura da impunidade do Brasil, estamos presenciado nesse caso o cotidiano do país ditador,racista e pervesso, o païs da Impunidade, de uma ditadura que exitem nas formas mais distintas,democratica legitima por esses.
    Só posso desejar, a Bernadete Souza Ferreira, sorte,mae Ya de oxosse e pedir aos orixas intercessão,pois so a eles podem valer.
    AYRA-DE-LADE-ABAYRA.

  2. É UM ABSURDO, ESTES FASCISTAS FARDADOS QUE ENVERGONHAM A POLICIA MILITAR DA BAHIA DEVEM SER PUNIDOS EXEMPLARMENTE, AS ORGANIZAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS DEVEM EXIGIR SEM TRÉGUA A DEVIDA PUNIÇÃO PARA ESTE ANIMAIS. NÃO DEVE PASSAR EM HIPÓTESE ALGUMA ISTO EM BRANCO.

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