Adital – No último dia 8, centenas de homens, mulheres e jovens, de grupos campesinos, indígenas e afrodescentes de todo o continente latino-americano e caribenho, deram início ao V Congresso da Coordenadora Latino-Americana de Organizações do Campo, CLOC – Via Campesina, com uma caminhada pelas ruas de Quito, capital do Equador, com clamores de “Contra o Capital e o Império, pela Terra e a Soberania de nossos Povos, América Luta!”.
O evento segue até o próximo sábado, 16, e faz parte de uma intensa mobilização político-social que acontece durante este mês de outubro no Equador, que sedia também o IV Fórum Social Mundial das Migrações (FSMM) e a III Minga Global, transformando o país em um cenário de troca de experiências e intenso trabalho coletivo, reunindo militantes de diferentes áreas, povos e países.
Durante o Congresso da Via Campesina também são realizadas a III Assembleia Latino-Americana da Juventude e a IV Assembleia Latino-Americana de Mulheres do Campo. A expectativa é reunir cerca de mil pessoas durante os eventos da CLOC.
Nos dias 8 e 9, os jovens campesinos fizeram uma reflexão sobre Análise da Conjuntura, Socialização da memória das assembléias anteriores e Análise das regiões sobre a situação da juventude, e debateram temas relacionados à formação, comunicação, soberania territorial, direitos humanos e juvenis, estrutura organizativa e incidência política.
Para a CLOC, o Congresso se caracteriza pelo desafio de ser um espaço de articulação da luta continental e uma oportunidade para que todos (as) possam discutir políticas que fortaleçam a ação continental.
De acordo com o presidente da Federação Nacional de Organizações Campesinas, Indígenas e Afrodescendentes do Equador (FENOCIN), Luis Andrango, o atual momento é especialmente diferente em relação aos Congressos anteriores, na medida em que se aprecia um incremento significativo na presença de jovens e de mulheres dentro das Assembleias.
“Este Congresso, para nossas organizações do Equador, tornou-se um espaço para aprender a trabalhar coletivamente com os irmãos e irmãs de todos os países latino-americanos. Isso faz parte de um processo de formação política e ideológica de nossas organizações”, ressaltou.
Com o espírito de integração e um símbolo feito de sementes e flores, para celebrar a vida, as mulheres campesinas se declararam “fugitivas do patriarcado e do capital”, no início da IV Assembleia das Mulheres do Campo. As militantes da CLOC ressaltaram o fortalecimento no processo de contínua formação e organização da região. Elas se dividiram em grupos representando suas regiões, para apresentarem suas demandas e propostas, e em seguida, dar continuidade à caminhada de articulação continental.
“Sigamos unidos como uma espiga de milho, em fileiras bem juntas, pois quando se abre a fileira, se tira algum grão, a espiga enfraquece e se acaba. Que em nossas lutas sejamos sempre como espigas de milho, fortes e com todos os lutadores e lutadoras unidas”, recordou Andrango, citando a ativista Dolores Cacuango.
Congresso CLOC
O primeiro Congresso da CLOC foi realizado no Peru; o segundo, no Brasil; a terceira edição aconteceu no México, e o quarto Congresso foi sediado na Guatemala. A quinta edição do Congresso da CLOC é fruto de um processo de luta, avaliação e formação continental que vem sendo preparado desde abril do ano passado em Cuba, e que desde então, vem sendo fortalecido por todo o continente latino-americano e caribenho.
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