Um grupo de cerca de 50 pescadores montou acampamento em uma das ilhas próximas à obra de barramento definitivo do Xingu – a ensecadeira do sitio Pimental – e nesta quarta, 19, impediu a saída da balsa que leva maquinas e trabalhadores para as obras no canal.
Após realização de assembleia, os manifestantes decidiram que permanecerão no local por tempo indeterminado, e exigem a presença da Norte Energia e do Ibama para negociar algumas demandas imediatas ligadas à atividade de pesca, como indenizações para o setor e autorizações para a pesca de espécies sensíveis.
“Os pescadores estão sentindo uma redução de cerca de 50% na produção de peixes. O rio está secando. Muitas espécies não desovaram no último ano em função da intervenção da Norte Energia no rio, tem muito peixe morrendo, e em alguns locais a empresa quer impedir o trabalho dos pescadores”, explica Ana Laide Barbosa, do Movimento Xingu Vivo, que acompanha a mobilização.
Na noite de quarta, um grupo de pescadores de peixes ornamentais se juntou ao grupo e exige a presença do Ibama para negociar a pesca de espécies que são encontradas apenas na região da barragem, e que vão morrer com a intervenção da Norte Energia. “Eles argumentam que, se estas espécies vão morrer, o Ibama deve liberar sua coleta aos pescadores de peixes ornamentais para que sejam salvos e comercializados”, explica Ana Laide.
Protesto
Segundo as lideranças do movimento, o acampamento é um protesto contra a decisão do Ibama de permitir o fechamento definitivo do rio. Neste processo, a categoria não foi consultada nem informada sobre como poderão desenvolver suas atividades, ou como se dará a transposição dos barcos sobre a barragem. “O rio é nosso e viemos pra pescar. Não tem como proibir a pesca, nós temos de exercer o nosso trabalho”, afirma Lucio Vale, presidente da Colônia de Pescadores de Altamira.
No fim da tarde do dia 19, agentes da polícia civil, acompanhados por membros da Norte Energia, estiveram no local da manifestação. Segundo seus agentes, foram certificar-s de que o movimento era pacífico.
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Enviada por Dion Monteiro para Combate ao Racismo Ambiental.