Por Luciana Brazil do Notícias MS/ Redação Pantanal News
Campo Grande (MS) – Trabalhando para dar oportunidade às populações indígenas nas aldeias de Mato Grosso do Sul, a titular da Subsecretaria de Políticas Públicas Indígena, Silvana Albuquerque, afirma que os índios precisam de oportunidade de crescimento. É a primeira vez que Mato Grosso do Sul possui uma subsecretaria específica para tratar dos índios.
Com discurso pela paz e diálogo, Silvana ressaltou ainda a inserção da agricultura familiar como importante meio de desenvolvimento da comunidade, sendo também este o principal desafio da subsecretaria a ser cumprido nos próximos anos.
Criada pelo governador Reinaldo Azambuja, a subsecretaria tem objetivo de trabalhar políticas públicas de inclusão em todas as áreas e segmentos para os povos indígenas.
“O primeiro passo a ser trabalhado é desfazer o modelo inserido nas nossas aldeias, um modelo de assistencialismo, que apenas dá ao índio, mas não oferece oportunidade de crescimento profissional ou de iniciar a agricultura familiar. A maior demanda do Estado é a terra. Além da educação e a cultura, precisamos ter um programa específico para agricultura familiar em Mato Groso do Sul”, disse a subsecretária.
Silvana credita que com a criação do Plano Estadual Indígena haverá o fortalecimento da cultura e ordenação do trabalho indígena. Elaborado pela Secretaria, o programa já encaminhado ao Governo do Estado e será inserido no Plano Plurianual.
“Nós vamos trabalhar a questão da agricultura familiar por meio do Plano Estadual Indígena. O índio quer viver com dignidade. A terra não é geração de alta renda, é de pouca. O que o meu povo precisa é ser respeitado, viver com dignidade e pregar a paz. Precisamos de paz, precisamos dialogar”,afirmou.
A intenção da subsecretaria é levar este programa até Assembleia Legislativa para que a proposta se torne projeto de lei beneficiando a comunidade de forma duradoura. E foi desta forma, consultando os índios, que o Plano foi elaborado pela pasta.
“Não podemos mais errar e somente consultando o indígena teremos bons resultados. Muitos programas, projetos e ações já foram feitos, mas do gabinete pra dentro. Mas nunca ninguém foi consultar a base, os caciques, as lideranças, os segmentos da juventude, dos professores, da cultura, dos artesãos, para perguntar o que eles querem quanto às políticas efetivas. A nossa função é ser porta-voz da nossa comunidade para o governador. Quando há essa consulta, o índio se sente respeitado no seu direito de cidadão”, esclareceu.
Em respeito ao povo indígena no Estado – 78 mil, divididos em oito etnias-, Silvana garante que é preciso percorrer as aldeias e ouvir as comunidades. “Eu sou indígena e sei o que meu povo quer? Não, porque não estou no dia a dia. Por isso, vamos para as aldeias para ouvir as demandas”, disse.
Às vésperas do I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, que começa essa semana no Brasil, a subsecretária salienta o momento de celebração entre os povos. “A identidade do nosso povo indígena é a nossa cultura, então se você não valorizar, não fomentar, fica no esquecimento. É um momento de celebração, é uma oportunidade de interagir com outros povos”.
Sobre as demarcações de terras, Silvana lembra que o papel da pasta é trabalhar políticas públicas para beneficiar as comunidades. “A demarcação de terras está em uma instância judicial. Ser indígena é motivo de orgulho e superação. A mensagem é de diálogo. Precisamos construir juntos um caminho ”.