Arte indígena Kusiwa vai estampar selo dos Correios

Arte Kusiwa é um sistema de representação gráfico próprio dos povos indígenas Wajãpi, do Amapá (Divulgação/Iphan)
Arte Kusiwa é um sistema de representação gráfico próprio dos povos indígenas Wajãpi, do Amapá (Divulgação/Iphan)

Lançamento do Selo Postal Arte Indígena Kusiwa Wajãpi será realizado na segunda-feira (3), na sede do Iphan, em Brasília

por Portal Brasil

A partir de novembro de 2014, a Arte Kusiwa vai estampar selos dos Correios. A expressão é uma técnica de pintura e arte gráfica da população indígena Wajãpi, do Amapá.

A estampa para o selo postal foi proposta pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e eleita pela Comissão Filatélica Nacional (CFN)  em reunião realizada no mês de julho de 2013, para compor o Programa Anual de Selos Comemorativos e Especiais de 2014. Os Wajãpi concordaram com a proposta.

O selo ficará em circulação até 31 de dezembro de 2017. O lançamento do Selo Postal Arte Indígena Kusiwa Wajãpi será realizado na segunda-feira (3) às 14h30, na sede do Iphan, em Brasília.

Os Wajãpi do Amapá constituem um grupo remanescente de um povo que já foi muito mais numeroso, subdividido em vários grupos independentes e que a população total foi estimada em cerca de seis mil pessoas no começo do século XIX.

Esta etnia tem origem em um complexo cultural maior, de tradição e língua tupi-guarani, hoje representado por diversos povos, distribuídos entre vários estados do Brasil e países adjacentes. Até o século XVII, os Wajãpi viviam ao sul do rio Amazonas, numa região próxima da área até hoje ocupada pelos Asurini, Araweté e outros, todos falantes de variantes dessa mesma família linguística.

A Terra onde vivem os Wajãpi, no Amapá, foi demarcada e homologada em 1996, e é uma área muito preservada, onde vivem cerca de 1,1 mil indígenas, em 48 aldeias.

Patrimônio Cultural do Brasil e do mundo

A Arte Kusiwa está vinculada à organização social, com uso adequado da terra indígena e o conhecimento tradicional. Os indígenas usam composições de padrões kusiwa nas costas, outros na face, outros nos braços. A pintura é cotidiana.

Os grafismos também podem ter como suporte cestos, cuias, tecelagem, bordunas e objetos de madeira. Os padrões Kusiwa representam animais, partes do corpo ou objetos e estão carregados de significados e simbolismo.

Constituem um sistema de comunicação e uma linguagem gráfica que remete à cosmologia e visão de mundo dos Wajãpi. Para a elaboração das tintas, são utilizadas sementes de urucum, gordura de macaco, suco de jenipapo e resinas perfumadas.

Através dos séculos, os Wajãpi desenvolveram uma linguagem única, formada por componentes gráficos e orais, que reflete sua visão de mundo e constitui um conhecimento específico sobre a vida em comunidade. A Arte Kusiwa faz também referência à criação da humanidade e a diversos mitos Wajãpi.

Os múltiplos significados nos níveis sociológico, cultural, estético, religioso e metafísico indicam que a importância da Arte Kusiwa extrapola o seu lugar de arte gráfica e, efetivamente, engloba o vasto e complexo sistema que envolve sua maneira específica de compreender, perceber e interagir com o universo.

A Arte Kusiwa

Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão, em 20 de dezembro de 2002, como Patrimônio Cultural do Brasil. No ano seguinte, recebeu da Unesco o título de Obra-prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade.

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