O aeroporto de Cláudio custou R$ 14 milhões e foi construído no fim do segundo mandato de Aécio em Minas
Por Vinicius Sassine, em O Globo
BRASÍLIA – A Procuradoria da República em Divinópolis (MG) pediu à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) cópia integral do processo de regularização do aeroporto construído pelo governo de Minas Gerais, no fim da gestão de Aécio Neves (PSDB), dentro da fazenda do tio-avô do ex-governador. Uma investigação foi aberta pelo Ministério Público Federal (MPF), mais especificamente pela Procuradoria em Divinópolis, para apurar se Aécio cometeu ato de improbidade administrativa no uso do aeroporto na cidade de Cláudio, num terreno desapropriado do tio-avô.
O aeródromo funcionava sem homologação da Anac, e as chaves do local ficavam sob a guarda do parente do presidenciável. Aécio admitiu ter usado o aeroporto “umas três ou quatro vezes”.
O pedido de investigação ao MPF foi feito em 30 de julho, dez dias depois da revelação da história pelo jornal “Folha de São Paulo”. A Procuradoria da República em Divinópolis instaurou um procedimento preparatório na esfera cível, para investigar se houve ato de improbidade administrativa. Por ser senador da República, Aécio só pode ser investigado na esfera criminal pela Procuradoria Geral da República (PGR) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No último dia 8, o procurador-geral, Rodrigo Janot, arquivou pedido do PT para a abertura de uma investigação criminal contra o senador, mas determinou que o caso fosse remetido ao MPF em Minas para se averiguar eventual improbidade administrativa. O material de Janot foi remetido à Procuradoria em Divinópolis, onde já tramitava o procedimento preparatório.
A atual fase desse procedimento é o pedido de cópia integral do processo de regularização do aeroporto junto à Anac. O encaminhamento de Janot sobre a averiguação de improbidade ocorreu no último dia 17.
O aeroporto de Cláudio custou R$ 14 milhões e foi construído no fim do segundo mandato de Aécio em Minas. Segundo a denúncia publicada pela “Folha”, o aeródromo fica nas terras do tio-avô Múcio Guimarães Tolentino, a seis quilômetros de uma fazenda da família do candidato à Presidência. O jornal afirmou que familiares do senador ficavam com as chaves e precisavam ser consultados para uma eventual liberação de uso da pista.
A história do aeródromo passou a ser insistentemente explorada na disputa presidencial. A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, citou o episódio em diferentes debates e nas peças de propaganda na TV e no rádio. O tucano nega ter cometido qualquer irregularidade. Ele argumenta que a desapropriação do terreno do tio-avô ocorreu com base em critérios técnicos e que o aeroporto será útil para 300 indústrias de fundição da região de Cláudio.