Após 27 dias de uma ocupação histórica e propositiva do espaço Público em Recife o Movimento Ocupe Estelita é removido com violência pelo Batalhão de Choque da PM de Pernambuco. Apesar dos acordo firmados entre o movimento e Ministério Público e Secretarias Estaduais de Direitos Humanos e Defesa Social, a reintegração foi realizada sem qualquer aviso prévio ou negociação, violando direitos e desrespeitando as garantias legais dos ocupantes.
“Ontem a noite fomos informados que o mandato seria cumprido hoje, entramos em contato com a Secretaria de Defesa Social e nos foi garantido que não seria realizada a desocupação. Hoje fomos surpreendidos. Foi uma Escolha do estado de Pernambuco e do Governo.” relata Liana Cirne, uma das advogadas do movimento e participante do grupo Direitos Urbanos. “Fomos impedidos de entrar. A violência já fazia parte da ação, havia um claro propósito de agredir os ativistas.”
Ao menos 3 pessoas foram detidas no local e uma ativista teve ferimentos graves, sendo encaminhada para o Hospital Tricentenário, em Olinda.
ENTENDA O OCUPE ESTELITA
O Cais José Estelita, no centro do Recife, abrigou por 27 dias uma ocupação criativa com atividades culturais diversas. O terreno, foi vendido ao Consórcio Novo Recife – um grupo de construtoras que em 2012 aprovou o projeto Novo Recife – e pretendia ser usado para a construção de 12 torres de até 45 andares que destruirão a paisagem e trarão consequências graves ao bairro histórico de São José e seu entorno.
Depois de um processo inteiramente ilegal, que envolve um leilão fraudulento e a ausência de estudos prévios de impacto, o grupo de construtoras conseguiu na Justiça o mandado de reintegração de posse, que já foi questionado nas instâncias competentes pela Comissão Jurídica da ocupação. Apesar da iminência constante da reintegração de posse, a decisão do ocupantes foi de permanecer no espaço e continuar dando vida e democratizando um local importante da cidade, que de outra forma ficaria privatizado na mão de um pequeno grupo de pessoas.