Hoje, 04 de junho, é o Dia Estadual de Lutas no Ceará. O professor, sociólogo e militante Márcio Renato Teixeira Benevides, um dos coordenadores do Projeto “Na Rua não estamos Sós!” escreve para Combate Racismo Ambiental a respeito. Confira o texto abaixo:
Um ano se passou após a última ‘Copa das Manifestações’ – ou, como oficialmente chamada, Copa das Confederações -, ressaltando o verdadeiro legado positivo que os megaeventos trouxeram ao Brasil: as lutas nas ruas. Os movimentos sociais organizados estão buscando a compreensão da necessidade de uma reorganização e da possibilidade clara de intervenção na realidade com o movimento de massas. O povo brasileiro está ocupando fortemente as cidades e exigindo mais direitos, ao passo que o Estado reage com mais repressão e mais violência nos atos.
De lá para cá, foram muitas análises, palpites, leituras sobre a conjuntura política e sobre o comportamento dos brasileiros. Eis que, finalmente, junho chegou e promete novamente ganhar força nas ruas. As greves que estouram por todo o país e as pequenas manifestações que não cessaram um só instante (como as lutas pelo Passe Livre e por moradia em Fortaleza) são ingredientes que apontam para o não arrefecimento das lutas.
Não se sabe ao certo quantas pessoas ocuparão as cidades e farão do protesto uma forma de reivindicar mais justiça social. O certo é que torna-se veementemente necessário garantir que os direitos dos manifestantes sejam respeitados. Tem-se a clareza de que o Estado reforçou seu aparato militar para conter as manifestações e que, inclusive por meio de ferramentas jurídicas arbitrárias, ameaça o povo que vai às ruas com punições que estimulam a troca da coragem pelo medo.
O fato concreto é que lutar não é crime e não pode ser encarado como tal. A livre manifestação, o direito de ir e vir e o exercício de papéis políticos de contestação na sociedade devem ser respeitados. Já não bastasse a série de violações aos Direitos Humanos trazidas no bojo da Copa da FIFA, não é possível tolerar que quem se insurja contra o evento seja criminalizado de modo autoritário.
O projeto “Na Rua” surge nesse contexto – por meio do registro, do monitoramento das violações e da produção de uma comunicação social – como mais uma tentativa de garantir que esses direitos sejam respeitados e que as manifestações populares não sejam abusivamente cerceadas sem um respaldo jurídico e sem a circulação das informações de um modo justo.
No primeiro dia de funcionamento, foram cerca de 1500 pessoas em nossa página no Facebook e a partir de hoje o website do “Na Rua” estará no ar. Some-se a nós!
As ruas são nossas e todos os manifestantes merecem liberdade e respeito! Vamos com força! Finalmente junho chegou e no dia 04 – às 10h, saindo da Praça Portugal – haverá o primeiro grande ato unificado dos movimentos sindicais, sociais, populares e estudantis de Fortaleza, sendo certo que Na Rua não estamos sós!
— Enviada para Combate Racismo Ambiental através de Priscylla Joca.