Liderança afirma que área seria tradicional e estaria em processo de demarcação; produtores contestam
Leonel Jonas, do Progresso
Um grupo de indígenas guaranis-kaiowás, que mora no acampamento Tekohá Ñu Verá, ocupou a fazenda Curral de Arame II, próximo ao anel viário de Dourados, na manhã de ontem. Segundo lideranças indígenas que estão no local, o ato não é uma invasão e sim uma ‘distribuição’ de famílias. “Nós não temos mais espaço para morar no acampamento. São 180 famílias morando numa área de 26 hectares.
Não temos espaços para plantar nada. Não temos o apoio da Funai e nosso povo não pode continuar assim”, afirmou Chatali Benites, uma das lideranças que organiza a ação. De acordo com o genro do caseiro da fazenda, que não quis se identificar, eles tiveram que retirar o funcionário do local às pressas. “Eles chegaram com arcos e fechas e meu sogro me ligou para irmos buscá-lo. Os índios falaram que eles não querem a permanência dele no local”, informou o genro.
Segundo outra liderança dos indígenas, Dho Ajala Gonçalves, a entrada dos índios foi de forma pacífica e eles não vão danificar nada na fazenda. “Essa área será demarcada e precisamos de um ponto para podermos plantar. Vamos usar apenas os espaços onde não há nenhum cultivo, até que a situação seja resolvida”, ressaltou o indígena. A família do proprietário da fazenda registrou Boletim de Ocorrência.
Policiais Federais estiveram no local. Ninguém da Funai de Dourados foi encontrado para comentar o caso. Entramos em contato com o departamento de Área de Identificação e Delimitação de Terras Indígenas, em Brasília, mas não tivemos respostas se a área está em processo de demarcação ou passa por estudos antropológicos.