Policiais Civis da 146ª Delegacia Legal de Guarus cumpriram três mandados de prisão contra os acusados de matar a militante do Movimento Sem Terra (MST) Regina dos Santos, de 56 anos.
A produtora rural foi assassinada no início do mês de fevereiro deste ano dentro da casa onde morava no acampamento Zumbi dos Palmares 4. Os homens são da mesma família e suspeitos de praticarem homicídios na região de Campelo.
A operação policial cumprida pela Polícia Civil foi chamada de Amani Shamba, dialeto africano que significa paz no campo.
Marcos Luiz Peixoto de Souza (vulgo Marcos Guerreiro), seu irmão Anisio Antonio Peixoto de Souza (mais conhecido como Nitão) e seu filho Maicon Gomes da Silva de Souza. Os três foram detidos na casa de Nitão no acampamento Zumbi 4 em Campelo, no mesmo local onde o crime foi cometido. Os mandados de prisão temporária de 30 dias foram expedidos esta semana pela 1ª Vara Criminal de Campos.
Segundo o delegado titular da Delegacia de Guarus, Carlos Augusto Guimarães, os homens vão responder por homicídio triplamente qualificado.
“O crime foi cometido com emprego de meio cruel por asfixia. Também houve a utilização de recursos que impediram a defesa da vítima, era apenas ela contra três homens, de acordo com o laudo ele teve fraturas no crânio, na lateral da cabeça, primeiro foi golpeada e depois asfixiada. E a última qualificação é assegurar a impunidade do crime de furto de gado, o assassinado foi motivado porque Regina teria testemunhado o roubo de cabeças de gado praticado pelos autores”, disse.
Quando Regina foi encontrada por vizinhos, o corpo já estava em estado avançado de decomposição, seminua e ajoelhada sobre a cama. Também foi encontrado no pescoço da vítima um lenço de cor vermelha que, segundo a polícia, foi usado para causar a asfixia.
Carlos Augusto informou também que a história de que Regina tinha pegado uma carona voltando de uma praia foi desmentida ao longo das investigações. Além disso, os três detidos também são acusados de terem praticado dois homicídios, um duplo homicídio tentado e o desaparecimento de um homem.
“Temos a informação de que eles aproveitaram a morte dessas pessoas, e que a família poderia não reivindicar as terras para se apossar delas. Impondo medo e intermediando a venda dessas terras. Todos os crimes foram cometidos no acampamento Zumbi 4 desde 2002. Sérgio Monteiro, vulgo Teleco, esta desaparecido desde 2006 e, segundo as investigações, o irmão de dois dos presos mora na propriedade que é do desaparecido”, explicou.
Os dois homicídios que teriam a participação dos detidos são: Sebastião Silva, conhecido como Albino morto em 2008, e Elizeu Alves Rangel assassinado no ano passado.
As vítimas do duplo homicídio tentado são Queone de Oliveira Manhães e Domesy Mendonça, o Barbudo. Além de Sérgio Monteiro, outro homem também está desaparecido desde 2002, Marcos Antonio Ferreira de Souza. O delegado afirmou que todos os crimes foram cometidos em Campelo.
A polícia pede que quem souber de alguma informação sobre estes crimes que denuncie. A ligação pode ser feita anonimamente através dos telefones (22) 2735-4318 e (22) 2722-1083.
“Nós chegamos até os presos através de interrogações de testemunhas e diligências até o local do crime. Também foi feita a quebra do sigilo telefônico dos três. Nas ligações nós confirmamos que os homens combinavam o que iam falar nos depoimentos. Tipo que eles olhassem olhos nos olhos o que falariam para os policiais, e eram para dizer que são trabalhadores. Algumas testemunhas também ouviram os detidos se vangloriando dos crimes cometidos”, ressaltou.
Confira agora alguns dos trechos das ligações telefônicas:
“O rapaz eu já falei pra você não pode ‘tá’ abrindo a boca, se você mata um mosquito você tem que falar que não matou”, falou Marcos Guerreiro.
“Coisa nossa não se passa pra ninguém. Você entendeu? Não pode. Coisa de família não se sai da família”, completou o preso.
Violência sexual
De acordo com a polícia mais um crime deve cair na conta de Marcos Guerreiro. No dia 26 de junho, quarta-feira passada, a filha dele uma menor de 11 anos foi a delegacia denunciar que o pai a havia violentado sexualmente.
“A menina morava com o pai e contou a duas colegas da escola e a professora que ele a violentou. A menor esta sob a guarda do Conselho Tutelar, que vai decidir com quem a menina vai ficar já que também já sofreu agressão por parte da mãe. Na sexta-feira o Marcos veio a delegacia tentando formar um álibi, pela manhã contou uma história e a tarde voltou a unidade para dizer que havia sido ameaçado de morte por um agente penitenciário parente de uma professora da escola.
Ele também vai responder por estupro de vulnerável, coação que é uma espécie de ameaça a testemunha e denuncia caluniosa contra o agente penitenciário”, informou.
A Polícia Civil informou também que Marcos Guerreiro já tem passagem pela polícia por porte ilegal de armas. Nitão também vai responder pelo mesmo crime já que durante a prisão desta terça-feira na casa dele foi apreendido um revólver calibre 38 com três munições e uma espingarda calibre 12 com o cano cerrado, o que a torna de uso restrito. E Maicon também tem passagem por porte ilegal de arma, ameaça e lesão corporal.
Os três serão encaminhados para a Cadeia Pública de Campos.