Para a Justiça Global, as UPPs mantêm a militarização como principal modelo de relação entre Estado e favelas, num processo crescente de criminalização da pobreza, evidenciado por um aumento do número de pessoas processadas no Juizado Especial Criminal (Jecrim) por desacato e desobediência. Existe também um controle policial sobre as manifestações culturais vindas dessas comunidades. A criminalização e proibição do funk nas favelas com UPPs são o exemplo mais eloqüente dessa prática.
Os inúmeros abusos policiais registrados desde o início da implantação da UPP na comunidade Santa Marta levaram diversas organizações da sociedade civil a elaborar uma cartilha popular sobre abordagem policial e os direitos da comunidade, frente à presença ostensiva da policia militar. As informações contidas no telegrama são de responsabilidade do Consulado, e a declaração de suposto apoio a UPP atribuída à Justiça Global não procede. A Justiça Global, por ter uma visão crítica sobre as UPPs, busca enfrentar o senso comum que alça esse programa do estado do Rio de Janeiro como solução mágica para as questões tão complexas da segurança pública e que faz tabula rasa das violações de direitos humanos.
Justiça Global
Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 2010.