Nota da Justiça Global sobre telegrama do consulado norte-americano divulgado pelo site Wikileaks

A Justiça Global vem através desta contestar as informações contidas em telegrama do Consulado norte-americano, divulgado pelo site Wikileaks e publicado na Folha OnLine hoje, a respeito do nosso suposto apoio à implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na cidade do Rio de Janeiro. Os posicionamentos críticos da Justiça Global sobre as UPPs são de conhecimento público, estando presentes em diversas matérias jornalísticas, relatórios, notas e textos disponíveis no nosso site (www.global.org.br). Nossa inserção em áreas de UPPs através de atividades desenvolvidas com organizações locais, nacionais e internacionais nos permitiu formar uma opinião crítica sobre esse modelo de gestão policial das comunidades pobres.

Para a Justiça Global, as UPPs mantêm a militarização como principal modelo de relação entre Estado e favelas, num processo crescente de criminalização da pobreza, evidenciado por um aumento do número de pessoas processadas no Juizado Especial Criminal (Jecrim) por desacato e desobediência. Existe também um controle policial sobre as manifestações culturais vindas dessas comunidades. A criminalização e proibição do funk nas favelas com UPPs são o exemplo mais eloqüente dessa prática.

Os inúmeros abusos policiais registrados desde o início da implantação da UPP na comunidade Santa Marta levaram diversas organizações da sociedade civil a elaborar uma cartilha popular sobre abordagem policial e os direitos da comunidade, frente à presença ostensiva da policia militar. As informações contidas no telegrama são de responsabilidade do Consulado, e a declaração de suposto apoio a UPP atribuída à Justiça Global não procede. A Justiça Global, por ter uma visão crítica sobre as UPPs, busca enfrentar o senso comum que alça esse programa do estado do Rio de Janeiro como solução mágica para as questões tão complexas da segurança pública e que faz tabula rasa das violações de direitos humanos.

Justiça Global

Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 2010.

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