Se volume atual de vazão de 13 m³/s cair para 10m³/s, haverá restrição de uso das águas
Angélica Diniz, O Tempo
Na iminência de um colapso, o rio das Velhas corre apressadamente para a situação de escassez hídrica no trecho entre Ouro Preto e Belo Horizonte. Já em “Estado de Alerta” e com vazão atual de apenas 13 m³ por segundo, especialistas preveem que, em pouco mais de um mês, o volume atinja 10 m³, o que resultará no “Estado de Restrição de Uso” aos empreendimentos que possuem licença para retirar água da bacia, como mineradoras, Copasa e para uso de irrigação. Isso é o que determina a Deliberação Normativa 49, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). Atualmente, apenas os reservatórios do Sistema Paraopeba encontram-se nessa condição.
Na tentativa de se evitar uma crise ainda maior, inclusive de abastecimento humano, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas anunciou nesta sexta um pacto com o setor de mineração, que já assumiu um compromisso de reduzir em 30% a captação de água no Alto Velhas. “Finalmente, caiu a ficha das mineradoras sobre a atual situação do rio, que está chegando ao limite de sua capacidade. As empresas entenderam que é preferível poupar do que faltar água”, frisou o presidente do comitê, Marcus Vínicius Polignano.
O ambientalista garantiu que a entidade vai monitorar o processo de controle da retirada da água pelas empresas com a ajuda do Igam. “Se nada for feito, em meados de agosto e setembro todos serão obrigados a diminuir a retirada do recurso. É uma tentativa de dar sobrevida ao rio”, explicou Polignano. O rio das Velhas é o responsável por garantir o abastecimento de 60% da população da capital mineira, o que agrava o risco da falta de água nas torneiras nos próximos meses. Se for decretada a restrição, a Copasa terá de reduzir em 20% a captação dos atuais 6,5 m³ por segundo. A companhia tem permissão para captar até 8 m³.
No entanto, enquanto a Copasa tenta driblar com obras e intervenções o racionamento na região metropolitana de Belo Horizonte, Polignano defende a adoção imediata de medidas restritivas mais brandas. “Acredito que a Copasa deveria já aplicar um racionamento mais leve agora, para evitar medidas mais radicais à frente”, disse ele.
Em entrevista a O TEMPO esta semana, o diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli, garantiu que em agosto a companhia iniciará uma nova obra para aumentar a transferência de água dos sistemas rio das Velhas para o Paraopeba. A intervenção permitirá que o sistema integrado de distribuição aumente em 250 litros por segundo, fazendo com que a produção de água do Sistema Paraopeba diminua em 4%, dando alívio à captação de água nos reservatórios do rio Manso, Serra Azul e Várzea das Flores.
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Imagem: Precário. Vários pontos do rio das Velhas estão com baixa vazão de água e pode haver restrição de uso até para a Copasa abastecer (Lincon Zarbietti)
Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.