Indígenas denunciam violência policial na Aldeia Vista Alegre, Rio Marmelos, PA

Cimi – Regional Norte I (AM/RR)

Vários indígenas espancados e um menor de 15 anos mantido algemado sob o sol durante várias horas. Esse foi o saldo de uma ação policial anteontem, 13/07, na aldeia Vista Alegre, localizada no rio Marmelos, afluente do Madeira, no município de Manicoré (AM), distante da Capital, Manaus, cerca de 350 quilômetros.

De acordo com relato dos indígenas à equipe do Conselho Indigenista Missionário – Cimi, que atua na região, anteontem, pela manhã chegou de Humaitá um barco com vários agentes das Policias Civil e Militar por eles identificados como Ceiton Cruz, Paulo Humbelino, Anderson Gomes, Roberto Lobo, Elisan, Rosana Correia, Evanildo, Tatiane e Denis, entre outros não reconhecidos. Os indígenas disseram que os policiais estavam fazendo a escolta de uma empresa de turismo que promove excursões e pesca esportiva dentro da terra indígena.

Em frente a aldeia Vista Alegre houve o confronto com os policiais porque os moradores  da localidade – dos povos Torá e Mundurucu – não aceitam a entrada da empresa de turismo em seu território. A presença de estranhos compromete a variedade de pescado da qual se alimentam as comunidades, afugenta a caça e provocam outros impactos sociais e ambientais, segundo os indígenas.

Os feridos relatam terem sido agredidos inclusive com spray de pimenta, razão pela quais muitos teriam passado mal. Um indígena de nome Thome chegou a ser agredido com um pedaço de ripa.

Desde o último dia 04 de julho uma empresa de Turismo do segmento de pesca esportiva está tentando entrar no rio Marmelos. Essa empresa já promove entrada de não indígenas no território dos Tenharim da terra indígena Marmelos, localizada na BR 230 (Transamazônica). No período da Conferência local de Política Indigenista realizada na aldeia São Jose ficou acordado que haveria uma reunião com todas as aldeias do Baixo Marmelos para esclarecimento de um suposto contrato de pesca. Isso não aconteceu. No dia 04/07 representantes da empresa disseram que eles iriam passar e se houvesse algum impedimento por parte das aldeias haveria repressão por parte da policia.

Essa postura causou revolta nos indígenas e os levou à decidir por impedir a entrada dos turistas.

Por essa razão a força policial foi mobilizada e, após várias incursões nas aldeias inclusive com a presença de servidores da Fundação Nacional do Índio – Funai,  aconteceu o confronto na aldeia Vista Alegre.

A terra indígena Torá/Mundurucu do rio Marmelos é uma das 170 no Amazonas que se encontram sem providências para demarcação por parte do Governo Federal. Ali se localizam as aldeias São Raimundo, Pau Queimado, Vista Alegre, São José, Baixo Grande, Vera Cruz e Laguinho, onde vivem mais de 400 indígenas Torá, Mundurucu e Mura.

Manaus (AM), 15 de julho de 2015

Raimundo Parente da Silva, Mundurucu aldeia São Raimundo, menor de 15 anos de idade, ficou algemado por várias horas no sol quente em cima de uma lona, junto com o Thome
Raimundo Parente da Silva, Mundurucu aldeia São Raimundo, menor de 15 anos de idade, ficou algemado por várias horas no sol quente em cima de uma lona, junto com o Thome
José de Arimateia da Silva Alecrim, Ribeirinho da comunidade de Canta Galo
José de Arimateia da Silva Alecrim, Ribeirinho da comunidade de Canta Galo
Thome Rodrigues dos Santos Mundurucu, aldeia Pau Queimado
Thome Rodrigues dos Santos Mundurucu, aldeia Pau Queimado

Destaque: José de Arimateia da Silva Alecrim, Ribeirinho da comunidade de Canta Galo.

Enviada para Combate Racimo Ambiental por Paulo Daniel Moraes.

 

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