“A dívida grega deve ser perdoada, como a da Alemanha em 1953”, afirma Noam Chomsky

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“Em 1953, a Europa perdoou a maior parte da dívida da Alemanha para que fosse capaz de reconstruir os danos da guerra”, disse Chomsky à cadeia Euronews. O filósofo afirma que o partido de esquerda Syriza chegou ao poder na Grécia em meio a opiniões de que a Grécia não deveria mais se submeter a Bruxelas e às políticas dos bancos alemães, porque estas políticas estavam destruindo o país

A reportagem é publicada por Rebelión, 30-06-2015. A tradução é do Cepat.

“Na realidade, o efeito destas políticas implicou no aumento da dívida da Grécia em relação a sua produção de riqueza. Provavelmente, metade dos jovens estão desempregados, provavelmente 40% dos gregos vivem abaixo da linha da pobreza, a Grécia está sendo destruída”, apontou Chomsky.

“Quem fez esta dívida? A dívida foi contraída, em parte, pelos ditadores. Sendo assim, na Grécia, a ditadura fascista, apoiada pelos Estados Unidos, foi a responsável por uma grande parte da dívida”, destacou o analista.

A Grécia deve à Troika de credores internacionais, que inclui o FMI, a União Europeia e o Banco Central Europeu, 316 bilhões de euros. Em fevereiro, as autoridades gregas e os ministros de Finanças da zona do euro concordaram em prolongar o resgate do país em quatro meses. Em virtude do acordo, a Grécia se comprometeu a aplicar uma série de reformas econômicas para reativar sua economia.

Comments (7)

  1. Sem dúvida que para os moralistas e os defensores dos bons costumes, ser caloteiro é um crime capital. Isso foi uma noção incutida na cultura de alguns povos para que as pessoas tenham mais medo de faltar a algum pagamento que o diabo tem da cruz.
    Mas vejamos: em primeiro lugar, como em qualquer negócio, qualquer credor deve assegurar-se, antes de desembolsar o seu dinheiro, que o devedor tem condições de lhe pagar. Assim jogaria pelo seguro e o seu risco seria menor. Negócios sem risco só em fantasia. Naturalmente que uma das regras do jogo é que, para riscos maiores, juros maiores. Nos EUA, por exemplo, quem tem o dever de assegurar que o devedor reúne as condições mínimas para lhe pode pagar, é o credor. O devedor se se apanhar numa posição de incumprimento, quanto muito, pode pedir a insolvência e durante alguns anos ficará com o crédito bloqueado. Essa assunção do risco é uma das mais importantes componentes do sucesso nas relações comerciais.
    Quem emprestou dinheiro à Grécia sabia ao que ia, correu o risco e perdeu. Mas a ganância de vender mais submarinos, aviões, barcos de guerra, etc. falou mais alto e não se tomaram as devidas precauções.

  2. fazer comparações entre as ações financeiras realizadas por chefes de estados e ações da vida cotidiana de um cidadão creio que são realidades bem diferentes em determinadas situações, é muito simplista, eu sair por aí realizando gastos irresponsáveis no mínimo terei de assumir as consequências, agora quando se trata de um chefe de estado quem sofre as consequências é a população.

  3. Sem perder tempo com tecnicismos, alguém tem o alcance de prever o que acontecerá aos outros países com dívida, ou que precisarem futuramente de empréstimos, se julgarem-se ( com razão ) a ter o mesmo direito ao perdão da dívida do que a Grécia ? Abram esse precedente extremamente perigoso, e vejam o resultado. Realmente a Grécia é uma coitadinha, não tem culpa nenhuma, pois os malvados rigorosos dos alemães não gostam de caloteiros e lhes dificulta a vidinha. Não há pachorra…

  4. Perfeito, Carlos Henrique. Só acrescentaria aos seis milhões de judeus os ciganos, comunistas, deficientes físicos e, evidentemente, todas as pessoas que, na própria Alemanha ou em outros países, procuraram resistir e combater o nazismo.

  5. José Esteves, algumas considerações pra pensarmos juntos, mesmo. Por favor, procure não entender mal o que vou dizer.
    Acho que o primeiro ponto é saber se a dívida é irresponsável como você diz. Não dá pra gente afirmar isso assim, porque você está falando da economia de um país, que não é algo simples. Ou seja, temos que colocar os dados na mesa pra discutir isso.
    O segundo ponto, aí pensando uma comparação com o caso alemão, e aceitando a ideia de uma dívida irresponsável, é que nem por esse viés se justificaria sua crítica, penso eu. Isso porque as dívidas do pós-guerra poderiam ser atribuídas a uma enorme “irresponsabilidade” da Alemanha, que iniciou e promoveu uma guerra, que executou seis milhões de judeus (e não sou judeu nem defensor do Estado de Israel). Ou seja, a Alemanha não foi só irresponsável, mas destruiu populações inteiras, e países quase inteiros. E ainda assim teve a dívida perdoada.
    E um terceiro ponto: a comparação com desejos pessoais, gastos pessoais também é muito injusta, para dizer o mínimo. Afinal, você pode escolher o tipo de dívida que vai fazer de maneira individual, nos casos das compras que mencionou. Um país nem sempre pode fazer essas escolhas, e muito menos tem como averiguar isso com a população diretamente, o tempo todo. E aí você penaliza a população inteira e pronto? Acho que não é por aí.
    Então, acho que vale repensar o que disse, numa boa.

  6. O tratamento entre os povos precisa ter o mesma isonomia, a Alemanha reergueu-se no pós-guerra com perdão de dívidas e muito investimento a Grécia também precisa de uma chance, não é povo que vai pagar uma dívida com seu sangue por conta de políticos inescrupulosos que tomaram de assalto empréstimos gastando com seus privilégios e agora querem socializar a divida com toda a nação grega isso é injusto, é suicídio coletivo!

  7. O país se endivida irresponsavelmente, para financiar gastos e não investimentos, acaba o dinheiro e a solução é não pagar e pedir mais emprestado? Me ensinem um jeito de fazer isto é o
    Banco aceitar! Quero comprar uma Ferrari e viajar me hospedando nos melhores hotéis! São todos gastos de cunho social e cultural. Quando voltar, serei perdoado e o crédito no meu cartão vai voltar?

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