Segundo o deputado estadual do Mato Grosso do Sul, Zé Teixeira (DEM), o senador Waldemir Moka (PMDB/MS) ficou incumbido de marcar reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com a bancada federal sul-mato-grossense para discutir sobre o conflito entre produtores rurais e índios em Mato Grosso do Sul. Um encontro foi realizado (29/06) na Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul) para tratar do assunto.
“O Moka vai pedir reunião com o ministro, vamos esperar a data em que ele puder nos atender e vamos mostrar a verdade para ele”, disse o democrata. O parlamentar acredita que os fatos não são repassados claramente ao Governo Federal. “Vem de lá (Brasília) para cá e só passa o lado dos índios”, avaliou.
Obviamente, o senador Moka está posicionado contra os indígenas em nome do agronegócio, tendo em vista os financiadores de campanha em 2010: Consan S/A Açucar e Alcool, Telemount Comunicações, Banco Rural, entre outros.
No entanto, mesmo diante de possível encontro com o ministro, Teixeira acha difícil sair do impasse somente com diálogo com a União. “Isso aí é a Justiça que vai resolver porque o governo não quer pagar nem a metade dos que as terras valem. Isso se arrasta há mais de 40 anos. Já conversei com cinco ministros, com os ex-governadores do Estado e nada resolveu”, acrescentou.
O que o Ruralista Teixeira não disse à reportagem é que o governo quer sim pagar, mas o valor que foram avaliadas as terras, e não o valor que os fazendeiros acreditam que ela vale. Este é o real impasse. Para emperrar o processo de indenização os Ruralistas e seus advogados encontraram a forma de não se opor ao pagamento, desde que seja feito no valor desejado por eles.
A comissão formada para dar fim ao impasse em 2013, composta por representantes dos fazendeiros, indígenas e integrantes do Poder Público, chegou a apresentar proposta de compra das áreas por R$ 78 milhões, mas depois da divergência nada ficou acordado.
Não é difícil compreender. Caso Cardozo indique o pagamento pelas terras no valor desejado pelos fazendeiros, e não o real valor avaliado, o Tribunal de Contas da União rapidamente decidirá que o pagador deverá devolver à União o valor excedido. Com esta estratégia os Ruralistas ganharam tempo, continuam plantando nas Terras Indígenas e o impasse permanece junto com o sofrimento dos indígenas.
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Foto: Senador Waldemir Moka