A Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na zona leste de São Paulo, distribuiu um folheto em sua missa de domingo com uma Oração dos Fieis que gerou comoção. Por que? Porque pedia tolerância.
“Para que a ofensiva homofóbica, fundamentalista e histérica presente no Congresso Nacional seja enfrentada com ousadia e serenidade; pelo ascenso das causas libertárias, suplicamos”, diz um dos trechos.
Não sei se Deus existe.
Mas, se ela existir, certamente estava na manhã de domingo, sorridente, ao lado do padre Paulo e da comunidade de Nossa Senhora do Carmo.
E longe, bem longe, muito longe dos que tentam privatizá-la.
Fico imaginando que certas pessoas que choram sangue em nome do Divino não leram o Novo Testamento, ficando apenas com o resumo executivo.
Estudei muito tempo em escola religiosa protestante, noves fora comunhão, crisma e bico de coroinha em igreja católica, e posso dizer que conheço um pouco das escrituras e dos processos.
Por isso, religiosos, ao tentarem censurar o padre Paulo, conforme relataram ao blog membros da própria comunidade, continuam não captando nada da ideia que está na origem de sua própria religião.
Sugiro, humildemente, que procurem a turma da Teologia da Libertação para entender que o espírito não estará livre se o corpo também não estiver.
Na prática, essa turma realiza uma fé que muitos temem ver concretizada. Uma turma que tem nomes como Pedro Casaldáliga, Henri des Roziers ou Xavier Plassat, que estão junto ao povo, no Brasil profundo, defendendo o direito à terra e à liberdade, combatendo o trabalho escravo e acolhendo camponeses, quilombolas, indígenas e demais excluídos da sociedade.
Como aqui já disse, imaginem se Casaldáliga fosse papa e, como primeiro discurso na Praça São Pedro, retomasse palavras que proferiu há tempos: “Malditas sejam todas as cercas! Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e amar! Malditas sejam todas as leis amanhadas por umas poucas mãos para ampararem cercas e bois, fazerem a terra escrava e escravos os humanos”.
Não acho que isso vá acontecer. Mas se acontecesse, eu que não creio, passaria a acreditar.