“Ninguém quer substituir um modelo de família por outro, nem impor ‘ideologias’. Mas a escola deve educar ao respeito pelas diferenças para evitar as discriminações que, infelizmente, são uma realidade.”
Micaela Ricciardi, diretora do histórico liceu clássico Giulio Cesare, de Roma, explica assim o sentido dos projetos que a escola empreendeu contra a homofobia.
A reportagem é de Sara Grattoggi, publicada no jornal La Repubblica, 22-06-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
Que tipo de iniciativas vocês tiveram?
Essencialmente, projetos contra as discriminações, de qualquer tipo, e contra a violência contra as mulheres, com o “Telefone Rosa”. Durante as assembleias deste ano, a pedido dos estudantes, abordamos particularmente a questão das discriminações de gênero, com o debate entre posições diferentes: por exemplo, acolhemos em um mesmo encontro representantes do Arcigay [associação gay italiana] e do movimento “Manif pour tous”.
No passado, no entanto, algumas iniciativas da escola causaram polêmica. No ano passado, duas associações pró-vida chegaram a denunciar vocês por terem proposto aos alunos do quinto ano o romance Sei come sei [És como és], de Melania Mazzucco, em que havia um trecho que relatava uma relação oral homossexual.
Sim. E eu lembro, porém, que, naquela ocasião, quem defendeu os professores foi a própria ministra da Educação, Stefania Giannini, certificando como a leitura – proposta e não imposta – fazia parte de um projeto mais amplo contra as discriminações.
Por que, na sua opinião, são temas que a escola não pode ignorar?
Porque fazem parte da vida dos jovens e da atualidade. Cada vez mais frequentemente, acontece que alunos de 15 ou 16 anos “saem do armário” em sala de aula. E a escola não pode fingir que nada aconteceu, mas deve trabalhar para educar ao respeito, combater os estereótipos e evitar eventuais fenômenos de discriminação ou de bullying.