Em mais uma feira da Reforma Agrária no sul da Bahia, as Sem Terra trouxeram a importância da participação da mulher na produção agroecológica
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
O município de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, recebeu na última quinta e sexta-feira (18 e 19) a produção de trabalhadoras e trabalhadores Sem Terra de diversos assentamentos da região, que deram continuidade à jornada de feiras agroecológicas da Reforma Agrária.
Com o tema “Extremo Sul pela Vida: Agrotóxico Zero” a feira apresentou à população uma diversidade de alimentos produzidos pelas mulheres Sem Terra, que junto a isso buscaram dialogar com a sociedade sobre a importância da participação da mulher na produção agroecológica e na luta pela emancipação feminina.
As trabalhadoras defenderam que para a construção da agroecologia é necessário romper com todos os preconceitos que afetam as questões de gênero.
De acordo com Enedina Andrade, coordenadora do Projeto Produção de Plantas Medicinais, “reconhecer e valorizar o primordial papel histórico que as mulheres tem dado para o desenvolvimento da agricultura é um princípio desta construção”.
Já Iseliane Silva, da direção regional do MST, acredita que as mulheres sempre estiveram presentes na agricultura, inclusive numa sociedade capitalista e machista que quer ocultar esse papel.
“Sempre estivemos na produção dos alimentos para a sociedade e principalmente no sustento dos lares do campo e cidade, trabalhando mão a mão, sendo mães e companheiras dos trabalhadores”, disse Iseliane.
Durante os dois dias de feira as mulheres protagonizaram o espaço mostrando a força e organização coletiva na produção de alimentos saudáveis e diversos artesanatos inspirados na vivência e na luta pela terra.
As trabalhadoras acreditam que além da importância social e cultural, a feira agroecológica e a produção de alimentos acabados como os doces, biscoitos e beijus tem potencializado a questão econômico e fortalecido o debate da emancipação e autonomia feminina.
Jazian Mota, da direção estadual do MST, lembra que a luta pela terra no extremo sul sempre foi marcada pela participação e força das trabalhadoras.
“Foram as mulheres que começaram as grandes jornadas de luta contra as empresas multinacionais produtoras de celulose na região. As mulheres também têm sido as protagonistas da luta pela agroecologia, tendo em vista que essa bandeira começou a ser erguida na região como um mecanismo de contraposição ao modelo produtivo do agronegócio. Nossas feiras são conquistas das trabalhadoras que em nenhum momento negaram sua identidade ou desistiram de lutar”, disse Mota.
A jornada de feiras agroecológicas continua em toda região e culminará com um grande encontro regional da produção agrícola e cultural dos trabalhadores Sem Terra no extremo sul.