Proveniente da aldeia Serrinha, no norte do estado, a Kaingang Lucíola Maria Inácio Belfort começou o curso em 2008, quando entrou em vigor a Política de Ações Afirmativas na UFRGS e é a quarta indígena a se formar desde a implantação.
Para Lucíola, estudar Medicina sempre foi um sonho. Proveniente da aldeia Serrinha, no município de Ronda Alta, ela é formada em enfermagem pela Unijuí – com bolsa integral proveniente de convênio entre a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério da Educação (MEC) – e trabalhou em aldeias indígenas no Mato Grosso e no interior do Rio Grande do Sul, “nesse período, percebi uma grande carência de profissionais médicos nesses locais. E também, eu não me sentia completa, a Medicina é um sonho que sempre mantive, então fui atrás disso”, conta.
Os estudos foram conciliados com os cuidados com o filho, nascido no fim do primeiro ano de faculdade. Segundo Lucíola, a carga horária exaustiva, a distância da família e episódios de discriminação foram enfrentados com muita dedicação e apoio de familiares e colegas. Agora, pretende trabalhar em comunidades e se envolver com programas voltados para a saúde indígena. “Não me vejo trabalhando em outra coisa”, enfatiza.
Ações Afirmativas na UFRGS
Como parte da Política de Ações Afirmativas, todos os anos são abertas dez vagas para estudantes indígenas na Universidade, em processo seletivo específico, além das cotas para autodeclarado pretos, pardos e indígenas egressos de escolas públicas para ingresso via vestibular e via SiSU. Desde a implantação da política, além de Lucíola, três indígenas se graduaram na UFRGS: em 2012, Denize Letícia Marcolino concluiu a graduação em Enfermagem, e, em 2014, João Anilton e Dorvalino Cardoso se formaram, respectivamente, em Direito e Pedagogia.
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Foto: Ramon Moser
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