Foram comercializados 6,9 quilos por hectares plantado em 2012, alta de 11% ante o ano anterior
Por Indiana Tomazelli e Mariana Sallowics
Do O Estado de S. Paulo / MST
O uso de agrotóxico pelo agronegócio brasileiro mais que dobrou entre 2000 e 2012. Na média do País, foram comercializados 6,9 quilos por hectares plantado em 2012, alta de 11% ante o ano anterior, segundo a 6ª edição dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) Brasil 2015, divulgado nesta sexta-feira (19), pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O tema foi alvo de recente polêmica. Em abril, o Instituo Nacional do Câncer (Inca) divulgou documento no qual afirma que o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de agrotóxicos, com consumo médio mensal de 5, 2 quilo de veneno agrícola por habitante – uma medição diferente da apresentada pelo IBGE, a partir de dados do Ibama, que avalia o uso por hectare.
O Inca recomendou a redução “progressiva e sustentada” do emprego de agrotóxicos nas plantações, diante de evidencias de que a exposição de pesticidas está ligada a casos de câncer.
A pesquisa do IBGE mostra ainda que os produtos classificados como perigosos são os mais vendidos no país (64,1%).
Eles são o terceiro na classificação de risco ao meio ambiente, que inclui também altamente perigosos, muito perigosos e pouco perigosos, segundo ordem decrescente de dados à natureza e ao solo. Os muito perigosos são o segundo mais consumido (27,7%).
O agrotóxico mais empregado pelos produtores foi o glifosato, um herbicida apontado por pesquisadores como nocivo à saúde. Entre os inseticidas, o mais usado foi o acefato, que passou a ter regras mais restritas de uso determinadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2013.
A alteração do uso do agrotóxico ocorreu após consulta pública por causa de suspeita de carcinogenicidade, toxicidade reprodutiva para seres humanos e efeitos neurotóxicos.
Já o fungicida mais popular foi o carbendazim, utilizado, por exemplo, nas culturas de algodão, citros, feijão, maçã e soja.
Na avaliação por localidade, a região sudeste apresentou a maior comercialização dos venenos agrícolas por unidade de área (8,8kg/ha), seguida pelo Centro-Oeste (6,6kg/ha).
Entre as unidades da federação, os maiores valores foram detectados em São Paulo (10,5kg/ha), Goiás (7,9kg/ha) e Minas Gerais (6,8kg/ha). Os menores números no Amazonas e Ceará, com menos de 0,5 kg/ha.