Carta do Povo Xerente para os Apinajé

ASSOCIAÇÃO UNIÃO DAS ALDEIAS APINAJÉ-PEMPXÀ

Olá, Apinajé, nós Xerente estamos em reunião de encontro de mulheres e estão presentes conosco os jovens e também caciques. Estamos na aldeia Nova, Mrãiwahâ, e os representantes da Bela Vista, Aldeia Nova Mrãiwahâ, aldeia Traíra, Mirasol, Aldeia Mato do Coco, aldeia Zé Brito, Aldeia Bruprê, Aldeia Sitio Novo, Aldeia Karehu, Aldeia Salto, Aldeia São José.

Nós estamos discutindo sobre as leis aprovadas, a Constituição, principalmente os artigos que falam e defendem nossos direitos, nossa cultura e nossos territórios, que são os artigos 231 e 232.

Estes artigos estão sendo ameaçados pelos deputados e pelos senadores no Congresso Nacional através das bancadas ruralista, evangélica e dos militares, através de leis que ameaçam os nossos direitos, principalmente a PEC 215, que prejudica a demarcação dos territórios indígenas.

Também estamos discutindo o problema de saúde indígena, para cobrar melhoria do atendimento das aldeias e do  DSEI-TO.

Nós ficamos sabendo da luta de vocês pelo seu território, com o desmatamento, nós gostamos muito da manifestação que vocês fizeram, nós Xerente apoiamos vocês e, se vocês precisarem de ajuda, nós vamos ajudar vocês. Porque a luta de vocês é pelo direito de vocês.

E nós Xerente queremos dizer a vocês que não tenham medo de ameaças dos fazendeiros, pois vocês estão certos pela luta que vocês estão fazendo e seus direitos.

Pois sem território nós indígenas não temos vida, não temos cultura e não temos a respiração sem nosso próprio território. Porque, sem território, como vamos plantar mandioca, arroz, milho, banana, feijão, abóbora, para sustentar os nossos filhos e netos?

Por isso pedimos que devolvam logo o território para os Apinajé. Porque o território é deles e que a FUNAI demarque a área que ficou de fora e que está nas mãos de invasores; pedimos para FUNAI, IBAMA, NATURANTINS e MPF que parem com o desmatamento.

Porque se não demarcar logo, nós, indígenas, vamos nos reunir todos para lutar e demarcar as terras dos povos que estão fora dos seus territórios.

E pedimos também a nosso Waptokwazaure (Deus na língua Akwe) que ajude vocês a ficar fortes, firmes, que não desanimem  na luta, sigam  em frente, sem medo.

Aldeia Nova – Mrãiwahâ

Data, 06 de junho de 2015.

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