Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil
Jogadores, técnicos e ex-atletas profissionais de futebol que integram o Bom Senso F.C. pediram ontem (8) a renúncia do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero. Para o grupo, que defende a profissionalização e a moralização do futebol brasileiro, é pouco provável que a confederação, sob a gestão de Del Nero, aprove medidas que tornem a modalidade esportiva mais democrática e transparente.
Em nota, o Bom Senso defendeu a convocação de novas eleições para escolher, até o fim do ano, uma nova diretoria para a CBF, entidade responsável pela implementação das propostas de mudanças estatutárias defendidas pelo grupo.
A iniciativa ocorre após as denúncias de corrupção que atingem alguns dos principais dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa).
Reeleito para o quinto mandato, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, renunciou depois que autoridades dos Estados Unidos e da Suíça acusaram dirigentes esportivos e empresários de cobrar propina ao negociar contratos de marketing, direitos de transmissão de jogos organizados pela Fifa e escolha de países-sede das duas próximas edições da Copa do Mundo (Rússia, em 2018, e Catar, em 2022).
De acordo com a nota do Bom Senso, “o torcedor, a comunidade do futebol e a sociedade brasileira cobram mudanças reais no modelo de gestão da CBF”.
Entre as mudanças defendidas pelo grupo, o destaque é a limitação de mandatos para a presidência da CBF. O Bom Senso defende somente uma reeleição. O grupo também reinvindica democratização das instâncias de decisão da CBF, como o colégio eleitoral, a assembleia geral e os conselhos técnicos.
As lideranças do Bom Senso querem a garantia do direito proporcional de voto aos atletas, técnicos e gestores, além do direito a voto, na Assembleia Geral da CBF, para clubes de todas as divisões do campeonato brasileiro e banir do esporte envolvidos com escândalos de corrupção.
Em seu site, o Bom Senso explicou as razões das propostas de mudanças no futebol brasileiro. Segundo o grupo, mesmo com o rótulo de país do futebol, o Brasil ocupa hoje a 18ª posição noranking da média de público que frequenta estádios, atrás dos Estados Unidos e da Austrália.
Segundo o Bom Senso, os clubes brasileiros devem bilhões à Previdência Social e à Receita Federal. Dos cerca de 20 mil atletas profissionais em atividade no Brasil, aproximadamente 16 mil recebem valores inferiores a dois salários mínimos, ou seja, menos de R$ 1.576 mensais. A maioria desses jogadores fica pelo menos seis meses desempregada por causa do tempo de inatividade dos pequenos clubes e pela ausência de um calendário nacional.
Procurada, a CBF não se pronunciou sobre o assunto até a publicação da matéria.