Estado tem 3,7% de seus moradores na extrema pobreza. Percentual só não é maior do que o do Norte-Nordeste
Por Maria Elisa Alves e Rafael Galdo, em O Globo
O Estado do Rio tem 565.135 pessoas vivendo abaixo da linha da extrema pobreza. A série de reportagens “Os miseráveis” mostra como e onde vive quem precisa driblar dificuldades como desemprego e fome. São 3,77% da população do estado nessa situação, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O percentual é o maior entre todos os estados das regiões Sul e Sudeste, superando apenas os do Norte-Nordeste e Mato Grosso, no Centro-Oeste.
Histórias de miséria
Pelanca é a sobra da carne, a parte desprezada que pode ir tanto para o cachorro quanto para fábricas de sabão, que usam sebo como matéria-prima. Mas, na casa de Lúcia Pereira da Silva, sem água ou esgoto, num mangue à beira da Baía de Guanabara, em Magé, pelanca é dia de festa. Sinal de que sobraram 40 centavos para comprar um quilo do que, para muitos, é lixo. “Às vezes vem um pedacinho de carne junto. Tempero com louro e ponho no feijão. Fica gostoso”, diz. A 60 quilômetros dali, em Belford Roxo, José Roberto Lima — idoso esquálido que vive numa casa sem banheiro — lança mão da pelanca para alimentar seus três cães magros. Mas guarda um tanto para a própria sopa, feita com grãos dos mirrados pés de feijão que planta no quintal. Lúcia e José Roberto não fazem parte do Rio do cartão-postal. Estão entre os 565.135 fluminenses que sonham alcançar a pobreza. Porque o lugar deles é outro. Eles vivem na miséria.
Na indigência, como os dois, encontram-se 3,77% da população do estado, revelam números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Gente suficiente para encher uma cidade como Niterói. Os dados, que tomam como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2013, do IBGE, mostram ainda que o Estado do Rio, sexta maior renda per capita do país, fica mal perto de seus vizinhos. Tem um percentual maior de miseráveis do que todo o Sul e Sudeste. No Centro-Oeste, só Mato Grosso está em situação pior. Os deserdados do estado que sediará as Olimpíadas de 2016 são tema da série de reportagens “Os miseráveis”, que O GLOBO publica a partir de hoje. Durante um mês, equipes percorreram os bolsões de extrema pobreza para contar as histórias de cidadãos que têm renda per capita inferior a R$ 140,70, quantia necessária para comprar uma cesta de alimentos com a quantidade mínima de calorias, de acordo com os critérios do Ipea.
INFOGRÁFICO: RANKING DA MISÉRIA NO BRASIL
Valor, aliás, que é um sonho distante para José Roberto. Aos 69 anos, com as mãos calejadas depois de uma vida dividida entre a roça e a construção civil, ele não tem renda. Conta com a solidariedade dos vizinhos, que dão um jeito de dividir a comida para que ele não viva só de feijão. As doações vão parar no fogão a lenha, já que ele não tem R$ 50 para pagar o botijão de gás.
— Eu vivo com o que Deus me dá. E só. Roubar, eu não vou — afirma.
Lúcia, a senhora de 63 anos que engana o estômago com a pelanca, também dá seu jeito. Vive, junto do marido desempregado e tuberculoso, e do filho de 21 anos, tampouco com trabalho, com menos de R$ 200 do Bolsa Família. Não dá nem R$ 70 por pessoa — dinheiro insuficiente para pagar um cafezinho diário. Água, ela bebe a que é dada pela chuva. Está difícil para Lúcia, mas é o casal Luiz Cláudio Feliciano e Alana da Silva quem leva uma vida de cachorro. E não é figura de linguagem. Os dois moram, com os filhos, de 2 anos e de 10 meses, num canil em Tanguá, município com o terceiro maior percentual de miseráveis, atrás de São Francisco de Itabapoana e Porciúncula, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social. O local foi adaptado, mas ainda é possível ver as divisórias para os animais. A família vive no espaço de três delas, e foi parar lá após Luiz Cláudio perder o emprego na vizinha Itaboraí. Como tantos excluídos, depende dos R$ 180 do Bolsa Família.
DESEMPREGO QUE ANGUSTIA
Luiz Cláudio acorda todos os dias às 5h para procurar trabalho. Mas, em Belford Roxo, a reação de Marco Saboya diante do desemprego é outra. Desde que foi dispensado de uma obra, onde ganhava R$ 700 para sustentar a mulher, Mônica, e os filhos Adriel, Diana e Kailane, de 8, 6 e 5 anos, respectivamente, passou a ter crises de ansiedade. Acorda sem conseguir respirar e bota, a cada minuto, a mão no peito, desconfiado de um infarto que o médico já descartou — é angústia o que sente.
— Às vezes, ele sai gritando pela rua, tenho que ir atrás. Tento fazer bicos, mas é difícil porque Marco não põe os filhos para a escola — diz Mônica, que ganha R$ 182 do Bolsa Família.
As enchentes já carregaram o pouco que a família tinha, levando Adriel a decretar:
— Vou estudar e ganhar muito dinheiro para comprar outra casa.
Teresa Cosentino, secretária estadual de Assistência Social, argumenta que a redução da miséria no Rio, que tem um programa próprio de complementação de renda, é significativa. Em 2003, eram 1.109.863 indigentes. Em 2011, 481 mil. Em 2012, subiu para 550.140, e, em 2013, cresceu para 565.135.
— É um movimento natural. Quando você está de dieta, perde mais peso no início ou no final? No fim, é mais difícil mesmo — diz Teresa.
Especialistas não têm uma explicação única para o desempenho do Rio, segundo estado que menos diminuiu proporcionalmente a miséria, entre 2003 e 2013, atrás apenas do Maranhão. Para eles, são vários calcanhares de Aquiles.
— O Rio tem uma periferia da periferia, como Japeri. São Paulo, por exemplo, tem subcentros importantes economicamente na área metropolitana e no interior. Nós, não — diz a economista Sônia Rocha, pesquisadora do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets).
Outra explicação pode estar na estrutura do mercado de trabalho fluminense, dizem os economistas Valéria Pero, Adriana Fontes e Samuel Franco. Eles lembram que o Rio tem, entre os mais pobres, uma taxa de desemprego maior do que a média nacional. A população mais desfavorecida acaba buscando alternativas na informalidade, que, por sua vez, não leva à superação da pobreza.
Outro fator é a elevada desigualdade no estado. E é justamente a melhor distribuição de renda, aliada ao crescimento econômico, uma das receitas para reduzir a pobreza. Para piorar, o desenvolvimento do Rio nos últimos anos, impulsionado pelo petróleo, ocorreu mais fortemente fora da Região Metropolitana, que concentra 74% da população.
Geladeira vazia
Geladeira vazia, a expressão que, dos remediados para cima, significa que a ida ao mercado está atrasada, tem um significado literal na casa de quem já cruzou a linha da pobreza rumo à miséria. Na maioria das vezes, o eletrodoméstico guarda só água. Ou, em dias de bonança, uma panela de arroz com feijão ou quatro espigas de milho, como no cômodo em que Roberto da Silva Paiva mora com a família, no centro de Japeri. Contando com os R$ 620 do Bolsa Família para sustentar a mulher, cinco filhos e três netos, Roberto, quando consegue um terreno para capinar, acrescenta R$ 50 ao orçamento. E se vê às voltas com uma escolha de Sofia:
— Tenho que decidir se compro arroz para todos ou leite para o Abraão, meu netinho. Ele tem três meses e nasceu com sífilis. Pegou da mãe.
Dúvidas sobre o que guardar na geladeira, Sirlene Henrique, que vive em Sumidouro, na Região Serrana, não tem. A dela está desligada da tomada:
— Não tenho nada para colocar dentro mesmo. Uso como armário.
A nutricionista Ana Paula Bucar enumera as consequências de uma dieta tão pobre:
— A deficiência proteica pode causar perda de massa muscular, afetar o funcionamento do coração, prejudicar o raciocínio. Para uma pessoa ter o mínimo diário de 1.500 calorias, teria que comer pelo menos 30 colheres de sopa de arroz. E mais trinta de feijão.
Os invisíveis
Ela deu à luz, pela primeira vez, aos 13 anos e costumava almoçar os restos que encontrava no lixão. Foi atendida em mais de um hospital após as inúmeras surras do companheiro, diariamente lembradas pelo espelho — faltam três dentes da frente, arrancados a murros. Mesmo com este histórico, que mistura miséria e violência, Fabiane Ferreira não conseguiu chamar a atenção do Estado. O poder público só apareceu para ameaçar tirar seus cinco filhos. Aos 29 anos, Bia, como é chamada pela família, faz parte de uma legião de extremamente pobres, com pouco ou nenhum estudo, que não consegue sequer ter acesso aos programas de complementação de renda. Para o poder público, Bia é invisível.
— Meus filhos estão na escola e soube que posso ganhar ajuda do governo. Mas, no lugar que cadastram, me pediram CPF. Eu não tenho. Ninguém me explicou como fazer, nem tenho com quem deixar as crianças para correr atrás.
Jogada à margem, Bia vive em Japeri, cidade que amarga o pior índice de desenvolvimento municipal do estado, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Rio (Firjan). Lá, a renda per capita é de R$ 420,15, um valor que, para Bia, é coisa inventada. Ela tem um trabalho que vale pouco: toma conta de um sítio em troca de um teto e da promessa de uma cesta básica. No quintal, há aipim, mas daquela terra ela não pode colher — é tudo do patrão. O marido de Bia é caminhoneiro e leva para casa quase R$ 800. Mas paga R$ 500 na prestação da moto que comprou para trabalhar porque, na periferia de Japeri, não há ônibus para o lugar onde a renda está. A família faz malabarismo para comer com os R$ 300 que sobram. Para ajudar, Bia anuncia no portão que faz salgadinhos para vender. Cada um custa 35 centavos, mas, mesmo assim, a freguesia não aparece. É tão miserável quanto ela. O que salva é que tem fruta no quintal da vizinha, que deixa as crianças de Bia, uma escadinha que vai dos 6 aos 15 anos, pegar bananas e umbu. Ela reclama? Não. Sua vida, diz, já foi pior:
— Meu primeiro marido quebrou meu dedo, meus dentes, batia nas crianças. O atual é bom para mim. A gente não passa fome todo dia, consegue ter arroz e feijão. Antes, eu ia para o lixão, catava para dar de comer às crianças.
BUSCA ATIVA DEIXA A DESEJAR
Por serem invisíveis aos olhos governamentais, pessoas como Bia não conseguem ser beneficiadas pelos programas sociais. Para encontrar pessoas como ela, prefeituras de todo o país fazem a busca ativa — quase um bater de assistentes sociais de porta em porta em busca da miséria e dos excluídos. No Brasil todo, foram localizadas e incluídas no Bolsa Família, nos últimos quatros anos, 1,4 milhão de pessoas em situação de extrema pobreza. São Paulo alcançou, através da busca, 19% deste total. O Rio, 9,9%. A Secretaria estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos tem um programa de complementação de renda próprio, que beneficiou 237.785 famílias este mês. A titular da pasta, Teresa Cosentino, reconhece, porém, que a população extremamente pobre é a mais difícil de ser detectada.
— A busca ativa não está muito forte no Rio. Queremos botar assistente social dentro dos restaurantes populares para ver se conseguimos chegar mais perto. O cadastro é feito pelos municípios, e é falho. Ainda temos muito invisíveis. Muita gente sem CPF, criança sem documentos, sem vacina, sem Bolsa Família. Não são cidadãs.
Teresa não o conhece, mas fala de gente como seu Joaquim da Conceição. Título de eleitor, ele nunca teve. Aos 52 anos, jamais votou. A certidão de nascimento e a identidade, uma enchente levou. Mas isso é o de menos. No casebre onde vive, com chão de terra em Itambi, uma das áreas mais pobres de Itaboraí, a fome está sempre à espreita. Carne, seu Joaquim nem lembra quando foi a última vez que comeu. O comum é fazer uma refeição por dia, que ele chama de macadâmia. Nenhum parentesco com a noz fina: trata-se de uma mistura de macarrão, angu e feijão.
— Mas nem sempre tem. Pão, só como quando busco na igreja — conta.
Com uma dieta tão restrita, as pernas fraquejam, e seu Joaquim apela para um cajado na hora de andar. Analfabeto, engrossa o mercado de trabalho informal. Sua vida é varrer e capinar o quintal dos vizinhos. Ganha cerca de R$ 50 por mês. Não dá para nada. Banheiro? É o mato. Televisão, geladeira, um agasalho para o frio, ou mesmo escova de dentes não fazem parte de seu universo. Falta até a esperança de dias melhores:
— Aqui todo mundo é pobre. É assim mesmo. Sou eu, Deus, e pronto — resume.
É a solidariedade dos menos miseráveis que salva os mais vulneráveis no Parque Veneza e em Corumbá, duas áreas de Magé que aparecem com os maiores percentuais de extremamente pobres na Região Metropolitana. Nos dois bairros, 9,3% dos moradores vivem na penúria. Sem ter todos os documentos, Fernanda Brás Silva, de 18 anos, espera o terceiro filho. Ela também entra na categoria dos invisíveis para o Estado. Mas é vistosa demais para um emprego.
— Fernanda já trabalhou em casa de família, mas não consegue mais nada porque é muito bonita. As patroas ficam com medo dos maridos se engraçarem — diz Elisabeth Cristina da Silva, uma espécie de anjo da guarda das excluídas da vizinhança.
A DURA VIDA DE GRACE KELLY
Foi Elisabeth quem construiu um barraco de madeira no próprio quintal para abrigar a gestante, expulsa de casa pela avó ao descobrir a gravidez. Como única renda, Fernanda recebe R$ 120 de pensão de um ex-companheiro. A filha mais nova, Laís, de nove meses, entregou para uma parente criar — o bebê é alérgico à lactose, e a mãe não pode bancar o leite especial, que sai a R$ 40 a lata. Ficou apenas com Grace Kelly, sua filha com nome de princesa.
— O que eu mais queria era uma casa de verdade e uma vida melhor para Grace Kelly, que só tem uma sandália, e para meu filho que vai nascer. Mas não consigo emprego e não recebo Bolsa Família, porque não tenho documentos — lamenta Fernanda.
Pior ainda é a situação de Maria Isabel Rocha, que nem renda tem. Com 28 anos, ela vive de favor na casa de Elisabeth. Teve que deixar sua filha, Maria Clara, de 2 anos, com a ex-sogra. E viu uma enchente interditar sua antiga casa, levando junto seus documentos e muito do que restava de sua cidadania.
— Só consegui tirar uma nova certidão de nascimento há pouco tempo. Custou mais de R$ 100. Não tenho condições de fazer os outros documentos. Quando tinha um lixão aqui perto, recolhia alumínio e vendia. Agora, não tenho mais nada. Chega a faltar até o arroz e feijão. Vivemos porque Deus quer que a gente viva — diz Maria Isabel.
Palavra de especialista
Os pesquisadores Valéria Pero, professora do Instituto de Economia da UFRJ, Samuel Franco e Adriana Fontes, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), analisaram o quadro da pobreza e da desigualdade no Rio de Janeiro. E apontam possíveis causas para o estado ainda ter mais de meio milhão de pessoas miseráveis.
O GLOBO: Que fatores contribuem para o Rio ter mais pessoas extremamente pobres do que seus vizinhos?
ESPECIALISTAS: A diminuição da pobreza, medida a partir da renda per capita, depende de dois fatores: crescimento econômico e distribuição de renda mais favorável aos pobres. Considerando a análise da evolução da renda per capita na última década (2003-2013), o Rio teve a menor taxa de crescimento dos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. E a diminuição da desigualdade de renda per capita foi a mais lenta entre esses estados. A questão está na velocidade dos avanços. O Rio aumenta renda e reduz desigualdade, porém em ritmo mais lento do que seus vizinhos. Ao longo do tempo, se distancia desses e se aproxima dos estados do Nordeste, que tiveram também crescimento de renda e diminuição da desigualdade mais forte que no Rio.
O GLOBO: O que pode explicar a persistência da desigualdade no Rio?
ESPECIALISTAS: Duas possíveis explicações residem nas enormes e persistentes diferenças salariais entre trabalhadores de baixa e de alta qualificação, e entre trabalhadores de micro e pequenas empresas em relação a médias e grandes empresas.
O GLOBO: O que pode ser feito para mudar esse quadro?
ESPECIALISTAS: O mercado de trabalho fluminense parece ter dificuldades de absorver a população mais pobre, que acaba buscando alternativas na geração de renda através de atividades autônomas. Para mudar esse quadro, é preciso criar uma dinâmica de desenvolvimento que absorva mais trabalhadores pobres e que esses se insiram de forma mais qualificada em posto de trabalho de maior qualidade. No caso dos pequenos negócios, o seu desenvolvimento passa também por acesso a uma série de serviços e capacitação em gestão.
As linhas de pobreza
Governos e instituições usam metodologias diferentes para definir a extrema pobreza. Uma das mais comuns tem como base o valor necessário para adquirir uma cesta de alimentos com a quantidade mínima de calorias para a sobrevivência de uma pessoa, como a usada pelo Ipea, instituto que é referência nesse tipo de pesquisa.
Com uma série histórica desde 1976, o Ipea traça linhas regionais de extrema pobreza, levando em conta os diferentes custos de vida. Esses valores variam por estado e também por regiões. No Rio, em 2013 (dados mais recentes disponíveis), foi fixado em R$ 140,70 por pessoa na Região Metropolitana; R$ 119,38 em áreas urbanas das demais regiões e R$ 107,45 nas zonas rurais.
O recorte é diferente do usado pelo Bolsa Família. O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) utiliza o critério das Nações Unidas para as metas do Milênio, que considera extremamente pobres as famílias com renda per capita de até US$ 1,25 ao dia. Por esse raciocínio, em vez de 3,77%, o Rio teria 1,74% de sua população na extrema pobreza em 2013.
Com base nos dados do MDS, o Programa Rio Sem Miséria, do estado, estima em 283 mil o número de miseráveis no Rio.
Já o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), que também calculou os indigentes com base na Pnad 2013, contou 584.452 miseráveis no estado, acima do número do Ipea.
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Leia também a segunda reportagem da série:
Os miseráveis: do flagelo do Norte ao Sul maravilha, uma réplica do Brasil
Destaque: Diana, de 6 anos, e Adriel, de 8, estudam na casa erguida à beira de um rio em Belford Roxo. Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo