Não vou dizer que chegamos ao fundo do poço porque o poço não tem fundo.
Mas depois de ver a sessão de caneladas de comentarista de internet, ops, o debate presidencial desta quinta (16), sinto-me um ser humano um pouco pior.
Parabéns ao PSDB e ao PT e aos marqueteiros das campanhas que treinaram seus candidatos para cometerem aquele show de horrores.
Isso certamente atendeu a cálculos sofisticadíssimos e obedeceu às orientações tiradas de grupos de controle que assistiam ao debate e comentavam, a partir de salas climaticamente controladas, com salgadinhos e sucos de caixinha, o desempenho dos candidatos.
Só esqueceram de pensar no interesse público. Com um milhão de assuntos para tratar, giravam em torno dos mesmos. Se pelo menos respondessem à pergunta um do outro, melhor. Mas não, tergiversavam. Ou respondiam acusações com mais acusações.
“Que dia é hoje?” “Banana, candidato, banana.”
“Que horas são?” O sofá é de veludo, candidata.”
Ou as campanhas aceitam mudanças no formato dos debates – com a introdução de perguntas externas por jornalistas ou eleitores e um mediador que não seja apenas bedel de tempo, mas questione e garanta que as indagações sejam respondidas – ou é melhor parar de brincar.
Sugestão: se os partidos não confiam no taco dos seus candidatos a ponto de deixarem os dois engessados a respostas vagabundas, circulando feito baratas tontas em meia dúzia de temas, bora fazer o seguinte: tira Aécio, põe Fernando Henrique, tira Dilma, põe Lula. E deixa os dois debaterem livremente como porta-vozes da visão de mundo de cada um dos grupos que disputa o poder.
Porque, no final das contas, é o que todos querem saber: qual o modelo de condução do país. E para aonde ele vai nos levar.
Aliás, se Dilma e Aécio tiverem um mínimo, um mínimo de bom senso (e eu acho que eles têm porque são melhores do que isso), deveriam estar agora com vergonha do atentado que ajudaram a cometer.