Aliny Mary Dias, Campo Grande News
Acabou o terceiro prazo estipulado pelo Ministério da Justiça e o Governo federal não apresentou uma solução para acabar com o conflito entre índios e produtores rurais em Sidrolândia, a 70 quilômetros da Capital. Continua o impasse sobre o valor a ser pago pelos 15 mil hectares, que serão utilizados para ampliar a reserva indígena de 2 mil para 17 mil hectares.
Na última vinda do assessor do Ministério da Justiça, Marcelo Veiga, a Mato Grosso do Sul em fevereiro deste ano, 6 de junho foi definido como fim do cronograma de ações que pretende efetivar a compra das fazendas, o prazo já tinha sido estendido outras duas vezes. No entanto, meses se passaram e o que há são promessas de novos encontros.
O advogado do ex-deputado estadual e ex-secretário de fazenda, Ricardo Bacha, proprietário [sic] da Fazenda Buriti, Newley Amarilla, explica que não há posicionamento do Ministério em relação à indenização dos produtores. O último andamento do caso foi a apresentação de um contra laudo por parte dos fazendeiros que estimava o valor das terras em R$ 130 milhões.
“Hoje não sai nenhuma decisão, não nos passaram nenhuma novidade. Existe a notícia que vai ser marcada uma nova reunião na semana que vem no Ministério da Justiça, é só o que temos até agora. Tudo dependo do Governo e do Ministério da Justiça”, explica o advogado.
A indefinição de uma solução definitiva para o problema também é compartilhada pelos índios. O advogado dos terena e do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Luiz Henrique Eloy, conta que não há nada de concreto e que os índios continuam esperando.
“Na última assembleia terena as lideranças decidiram se retirar da mesa de negociação porque nunca foi feito nada de concreto e a bancada ruralista continuou avançado com objetivo de aprovar a PEC 215. Nós estamos esperando uma definição”, diz.
O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça para informações sobre o andamento do processo, mas até o fechamento desta reportagem não obteve retorno. A Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul) também foi contatada, mas ninguém foi indicado para conceder entrevista sobre o assunto.
Indecisão e espera – Acreditando que ainda hoje uma definição seja divulgada pelo Ministério da Justiça, os indígenas de todas as aldeias de Sidrolândia se mobilizam desde ontem (5). Uma reunião entre 12 lideranças da região ocorreu nesta quinta-feira e os índios se consideram prontos para agir independente da decisão.
“Nós estamos mobilizados, todos estão prontos e esperando que a Justiça nos dê uma resposta. Nossa esperança sempre foi acreditar que o dia 6 de junho saísse uma resposta e acreditamos que isso ainda vá acontecer até o fim do dia”, explica Eder Terena, uma das lideranças da região.
Enquanto espera uma reposta definitiva, 38 famílias indígenas vivem na Fazenda Buriti. Na última semana, o Campo Grande News mostrou a situação da fazenda e a produção dos índios que até compraram um trator com o valor arrecadado na lavoura cultivada na fazenda ocupada em maio do ano passado.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Marcelo Christovão.
Os indígenas no MS tem sido excluídos e vistos como um atraso pelo governo local. Parece que esse preconceito “vazou” e inclui, também, parcelas do governo federal. Estima-se a prática de um genocídio, processada por várias formas, como solução para os vários conflitos entre “produtores” e índios no MS.