Adital* – O Brasil ultrapassou países com históricos de guerras e conflitos armados no número de assassinatos e se tornou o país mais violento em todo o mundo, mesmo sem estar em nenhum cenário de guerra. É o que afirma um estudo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês).
De acordo com o UNODC, sete pessoas em cada 100 mil são assassinadas por ano em todo o mundo, contudo, quando analisamos apenas a América Latina, esse número sobe consideravelmente. No ano de 2010, foram 146.648 pessoas assassinadas, chegando a uma taxa de 15,4 assassinatos a cada 100 mil pessoas.
Já quando passamos a avaliar os números por país, o Brasil é campeão. Foram registrados no país da Copa do Mundo deste ano, em 2010, 42.785 assassinatos, seguido pela Índia, com 40.752 e o México com 27.199. Os três países juntos possuem 25% dos crimes de morte que ocorrem em todo o mundo.
Se a situação como um todo já é ruim, quando se passa a analisar cidade por cidade, a coisa piora. Das 50 cidades mais violentas do mundo, 41 são latino-americanas. E, mais uma vez, quem encabeça esse ranking é o Brasil, que possui 16 cidades na lista. Fortaleza e Salvador são, respectivamente, a segunda e terceira colocadas nesse ranking, com 2.754 mortes para a capital cearense (Fortaleza) e 2.234 para a capital baiana (Salvador).
As causas da violência
A principal causa dos assassinatos na região, segundo o estudo, é o crime organizado, em especial os ligados ao tráfico de drogas e à falta de políticas públicas eficientes que evitem que os jovens ingressem nas organizações criminosas.
Segundo o UNODC, “apelar somente para políticas repressivas como mecanismo de freio dos níveis de violência, reduzirá drasticamente as chances de resolver o problema em sua raiz, além de seguir alimentando uma cultura política favorável à lógica do castigo. A América Latina, e suas cidades em particular possuem marcas dolorosas do que significa aprofundar esse caminho”.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) afirma que a melhor maneira de combater o crime é desenhar políticas preventivas, como oferecer oportunidades reais de formação, de atenção básica e de emprego digno para milhares de jovens. Segundo a Pnud, “sem essas políticas, os jovens acabam virando presa fácil para o crime organizado, que, de maneira ilegal, proporciona a essas pessoas bens e serviços que o Estado não dá.”.
*Com informações da Fundação Avina.