“A Comissão sustenta que os militares usaram um aparato bélico contra os índios”, disse.
Ao registrar ontem (15) em plenário os 50 anos do Golpe Militar, o deputado federal Padre Ton (PT-RO) fez um recorte para falar da situação dos povos indígenas que, segundo ele, foram mais vítimas do regime instaurado em 1964 do que as vítimas de outros grupos.
“A Comissão da Verdade, que investiga crimes cometidos pelo governo ou agentes do regime autoritário, suspeita que tenham sido mil mortos ou desaparecidos políticos entre 1964 e 1985. A construção de estradas na Amazônia, no governo do general Garrastazu de 1969 de 1973, matou 8 mil índios, segundo estima a comissão”, disse Padre Ton, parlamentar que coordena, desde novembro de 2011 a Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas.
Na época, segundo relatório produzido pela Comissão Nacional da Verdade, a ordem dos militares para levar à frente grandes projetos de desenvolvimento na Amazônia, especialmente a abertura de estradas, era eliminar a presença e resistência dos indígenas existentes.
“A Comissão sustenta que os militares usaram um aparato bélico contra os índios. Ele incluía helicópteros, bombas, metralhadoras, entre outros equipamentos”, registrou o deputado.
A população indígena, infelizmente, disse Padre Ton, foi alvo atrativo para o regime, que para além dos movimentos de esquerda e a perseguição àqueles a quem os militares acusavam de comunistas, tratou de perseguir de forma implacável os habitantes naturais do Brasil.
O deputado Padre Ton também lembrou a existência do Relatório Figueiredo, documento de 7 mil páginas descoberto recentemente no Museu do Índio, entregue à Comissão da Verdade.
“São detalhados muitos crimes cometidos contra a população indígena do Brasil por latifundiários poderosos e do próprio departamento do governo para assuntos indígenas à época, o Serviço de Proteção ao Índio, SPI”, observou.
Ao finalizar o pronunciamento, o deputado Padre Ton disse que a despeito do legado de atrocidades e violência é possível reconstruir incentivos que apontem para um melhor futuro nas relações com os povos indígenas.
Ele também fez um apelo para que os governos liderados pelo Partido dos Trabalhadores não entrem para a história como um período de manutenção e aprofundamento das políticas indigenistas idealizadas pelo regime militar. “Pelo contrário, rogo para que rompa em definitivo com esse triste legado e rume na direção de políticas que valorizem a diversidade étnico-cultural do nosso País”, declarou.