MG – Abandono dentro e fora de centro socioeducativo

cia_gov_valadaresAna Lúcia Gonçalves – Hoje em Dia

GOVERNADOR VALADARES – Mato alto, entulhos e acesso improvisado compõem o cenário no entorno do Centro Socioeducativo (CIA) de Governador Valadares, no Leste de Minas Gerais. Mas o abandono também é sentido do lado de dentro das muralhas da unidade que abriga 110 adolescentes em conflito com a lei, vindos de várias cidades da região: falta água para atividades básicas como tomar banho e dar descarga.

A ponte de acesso ao centro foi levada pelas enxurradas durante as chuvas de dezembro do ano passado. Os internos foram transferidos para uma escola estadual no Centro. Com o reinício do ano letivo, em fevereiro, os adolescentes voltaram para o CIA.

A passagem improvisada construída na época é a mesma que vem sendo utilizada, quatro meses depois. Mas como foi construído quase no mesmo nível do córrego Capim, o acesso feito às pressas também fica intransitável quando chove.

Segundo um funcionário que pediu para não ser identificado, em março deste ano um adolescente ferido durante a madrugada por dois colegas de alojamento morreu dentro da unidade. “O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) não conseguiu atravessar. O corpo teve que ser levado nos braços para o outro lado”, contou.

A falta de água, segundo ele, é recorrente. “Estamos sempre sem água. Às vezes, nem para lavar as mãos”, reclama. O funcionário diz que reuniões já foram feitas com representantes da administração municipal para tentar resolver o problema.

“Fomos informados que o CIA não é prioridade. Trabalhamos com menores acautelados em formação, e isso causa revolta, inclusive neles”, avisou.

Ponte só para daqui a 60 dias, diz prefeitura

A ponte que dá acesso ao Centro Socioeducativo (CIA) de Governador Valadares deve ficar pronta em 60 dias. É o que promete a prefeitura da cidade.

Apesar de a administração municipal afirmar que as obras estão em andamento, o Hoje em Dia não encontrou nenhuma máquina trabalhando nas imediações da unidade. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) também foi questionada sobre o problema.

Por meio de nota, a pasta estadual informou que reconhece a necessidade urgente da reconstrução do acesso definitivo ao CIA. Para isso, está articulando com a prefeitura a execução desse serviço o mais brevemente possível.

Investigações

Mesmo sem a ponte, a Seds afirmou que o acesso provisório não foi impedimento para a adoção das medidas necessárias para o atendimento ao adolescente assassinado em março deste ano. “A Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase) instaurou um procedimento interno para apurar o ocorrido e o caso é investigado pela Polícia Civil”, diz a nota.

Sobre a falta de água, problema denunciado por um dos funcionários da unidade, a pasta ressaltou que o serviço de abastecimento é de responsabilidade do município.

Por sua vez, a prefeitura informou que “ela acontece em decorrência de algum problema”. No último dia 8, a rede da avenida Tancredo Neves quebrou, e o abastecimento teve que ser interrompido para a equipe providenciar o conserto. No dia seguinte, foi necessário mudar a rede de lugar para a construção do sistema de interceptores de esgoto no bairro Santos Dummont, onde fica o CIA.

A gestão municipal garantiu o envio de uma equipe ao local para verificar a denúncia de entulhos.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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